Economia
Juros voltam a fechar em alta com realização de lucro
Os juros futuros fecharam em alta, com exceção dos vencimentos de curtíssimo prazo que terminaram ao redor da estabilidade, sem alterações no quadro de apostas para o Copom. As taxas deram sequência ao movimento de realização de lucros iniciado ontem, mas o ritmo de ajuste hoje foi um pouco mais firme do que ontem e, diferentemente da véspera, amparado por um volume consistente de contratos negociados. Nas mesas de renda fixa, a trajetória é vista mesmo como uma correção, e não como piora na percepção de risco, até porque o clima externo segue positivo e, na seara política, as tensões arrefeceram.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 passou de 3,01% para 3,07% e a do DI para janeiro de 2025, de 5,712% para 5,80%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa a 6,77%, de 6,712% ontem no ajuste. No balanço da semana, a curva perdeu inclinação.
Vladimir Caramaschi, estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, afirma que aparentemente a curva esteve na contramão do bom humor dos demais ativos locais e do apetite ao risco nos mercados internacionais, mas “na verdade não”. “A correção é ligeiramente mais pronunciada justamente no miolo em função da melhora nas expectativas, na medida em que o mercado fica mais otimista com o Brasil e com o mundo”, disse. Ele afirma que, apesar dos problemas fiscais e políticos, a avaliação é de que a crise forçou o presidente Jair Bolsonaro a dialogar com o Congresso, via Centrão, o que enfraquece as chances de ruptura institucional e, ao mesmo tempo, eleva a expectativa em relação à retomada da agenda de reformas no pós-crise.
Pela manhã, as taxas de curto prazo chegaram a operar em alta firme, em reação a novas declarações do diretor de Política Econômica do Banco Central, Fábio Kanczuk, em live da XP Investimentos. Após a grande repercussão de sua fala na quarta-feira, de que 2,25% pode não ser o “lower bound” para a Selic, hoje o diretor explicou que esta discussão está longe de ser consensual dentro do Copom. “Minha leitura é a de que não falamos de ‘lower bound’ no Brasil”, disse. Para ele, continuar baixando juro é “navegar em mares nunca antes navegados”. Mas acrescentou que, se o BC seguir baixando a Selic, continuará a ter efeito de aumento da inflação.
Ao longo da sessão, porém, a pressão diminuiu, levando as taxas dos contratos que vencem ainda este ano, mais sensíveis às expectativas para as próximas decisões do Copom, para perto da estabilidade. A precificação para o Copom de junho na curva, a exemplo de ontem, segue mostrando 60% de chance de corte de 0,75 ponto porcentual da Selic, ante 40% de probabilidade de corte de 0,50 ponto. Para agosto, o quadro também não mudou, com 80% de chance de queda de 0,25 ponto e 20% de probabilidade de manutenção. Os cálculos são do Haitong Banco de Investimento.
Autor: Denise Abarca
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