Economia
Taxas longas fecham em queda com sinais externos e alívio das tensões políticas
O aumento do apetite pelo risco vindo do exterior trouxe redução da inclinação da curva de juros, tendo os contratos de longo prazo chegado a cair em torno de 20 pontos-base nas mínimas na tarde desta terça-feira, 2. A percepção de que o processo de reabertura das economias lá fora se dá de forma tranquila, a perspectiva de uma vacina contra a covid-19 num prazo mais rápido do que o esperado e a de mais pacotes de estímulos foram os principais catalisadores para o bom desempenho dos mercados, a despeito da onda de protestos violentos nos Estados Unidos.
Internamente, o mercado vê trégua no noticiário negativo envolvendo a tensão entre presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF) e, mais do que isso, vê alívio com o arquivamento do pedido de apreensão dos celulares do presidente. A ponta curta fechou com viés de baixa, com um quadro de apostas mostrando leve vantagem para a possibilidade de queda da Selic em 0,75 ponto porcentual no Copom de junho.
Na ponta curta, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) mais líquido hoje foi o julho de 2020 (473.380 contratos), o primeiro a vencer após a próxima reunião do Copom. A taxa fechou a 2,591%, de 2,606% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2022 encerrou com taxa de 3,06%, de 3,141% ontem, e a taxa do DI para janeiro caiu de 5,943% para 5,75%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 6,73%, ante 6,912% ontem.
Ao contrário desta segunda, 1º, quando as taxas pouco oscilaram, hoje já engataram firme trajetória descendente logo pela manhã, em linha com o bom humor que predominava nos demais ativos. “Há otimismo com os processos de reabertura lá fora, que até o momento ocorrem sem grandes sustos e risco menor de segunda onda de contágio do coronavírus”, afirmou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
Segundo ele, um tuíte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizando que “as vacinas” e “terapias (contra a covid-19) avançam mais rápido do que o antecipado” reforçou a busca por risco. Ainda, os governos norte-americanos e na Europa prometeram mais programas de estímulos contra os efeitos da covid-19, o que também ajuda na montagem de posições mais arriscadas.
Esse contexto favoreceu especialmente os juros longos, mais sensíveis aos eventos externos mas que também reagem ao risco político. As preocupações com a governabilidade e chance de impeachment de Bolsonaro vêm arrefecendo nos últimos dias, basicamente desde que o mercado não viu no vídeo da reunião ministerial de 22 de abril fatores que pudessem endossar as acusações do ex-ministro Sérgio Moro de tentativas de interferência por parte de Bolsonaro na Polícia Federal.
Os contratos curtos oscilaram com leve baixa, sustentando apostas de queda da Selic no próximo Copom. Segundo Rostagno, a curva precifica 56% de chance de corte de 0,75 ponto e 44% de possibilidade de redução de 0,5 ponto. Para o Copom de agosto, há mais 13 pontos de queda precificados, ou seja, já quase no “meio do caminho” entre estabilidade e queda de 0,25 ponto.
Autor: Denise Abarca
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