Economia
Dólar sobe 1,1% e vai a R$ 4,44 por temor com coronavírus, novo recorde histórico
O dólar voltou do feriado de carnaval em forte alta e fechou a quarta-feira, 26, com novo recorde histórico, em meio à rápida disseminação do coronavírus, com casos já registrados em diversos países, incluindo no Brasil. O Banco Central injetou US$ 500 milhões em swap cambiais (venda de dólares no mercado futuro) em leilão anunciado antes da abertura do mercado e prometeu mais US$ 1 bilhão para a quinta-feira.
Entretanto, a ação não impediu o real de apresentar o pior desempenho em uma cesta de 34 moedas internacionais nesta quarta-feira, embora operadores tenham ressaltado que se não fosse a estratégia do BC, a valorização da moeda americana poderia ter sido ainda mais forte. O dólar encerrou o dia em alta de 1,11%, a R$ 4,4413.
Profissionais do mercado de câmbio destacam que o movimento nesta quarta do câmbio foi um ajuste em relação aos dias que o mercado ficou fechado aqui e o dólar subiu no exterior. O dólar teve novo dia de alta lá fora, com investidores buscando proteção na moeda americana.
Com a tensão externa, o cenário político doméstico ficou em segundo plano, mas foi monitorado de perto pelas mesas de operação. O temor é que o convite de Jair Bolsonaro, enviado para amigos no Whatsapp, para uma manifestação contra o Congresso no dia 15 de março, atrapalhe o avanço das reformas.
“É o impacto global do coronavírus, o mercado mundial está reprecificando o risco”, afirma o presidente da BGC Liquidez, Ermínio Lucci. Ele observa que o avanço do coronavírus para fora da China pegou os mercados em níveis recordes, o que desencadeou um movimento forte de ajuste com a visão de que o crescimento mundial vai inevitavelmente ser afetado. Por isso, a expectativa agora é ver como os governos, especialmente na Ásia e Europa, vão reagir, lançando mão de políticas fiscais e monetárias. Nos EUA, o mercado já vem precificando ao menos dois cortes de juros este ano. Já a Alemanha deve adotar medidas fiscais.
No Brasil, fontes do governo ouvidas pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) disseram que o crescimento deste ano deve ser revisado para baixo. A previsão oficial é de expansão de 2,4%.
Na avaliação do economista-chefe em Nova York para América Latina do grupo financeiro ING, Gustavo Rangel, a dúvida é quanto tempo a epidemia do coronavírus vai durar, mas por enquanto a expectativa é de piora e de impacto negativo no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Com menor crescimento, a chance de o real ficar ainda mais depreciado nos próximos meses aumentam significativamente, afirma ele, destacando que ainda não revisou sua projeção para o câmbio, porque os efeitos ainda não estão claros.
Autor: Altamiro Silva Junior
Copyright © 2020 Estadão Conteúdo. Todos os direitos reservados.
Mais lidas
-
1DEFESA
'Sem similar no mundo': avião Super Tucano brasileiro está prestes a entrar no mercado europeu
-
2GESTÃO
Prefeitura de Maceió acaba com indicação política para a gerência de Unidades de Saúde
-
3PALMEIRA DOS ÍNDIOS
Homologação de terras indígenas em Palmeira dos Índios: pequenos agricultores temem impactos devastadores
-
4NARRAÇÃO ESPORTIVA
Henrique Pereira: alagoano ficou em segundo lugar no Reality Craque da Voz
-
5HOMICÍDIO
Homem é encontrado morto no bairro Alto do Cruzeiro, em Palmeira dos Índios