Economia

Bolsa fecha em alta de 0,76%, a 114.629,21 pontos, com exterior

03/02/2020

O Ibovespa iniciou a semana em terreno positivo, em linha com o exterior, passado o frio na barriga pela retomada dos negócios nos mercados da China continental, após o longo feriado do Ano Novo Lunar, período em que os ativos locais não tiveram como se ajustar ao noticiário do coronavírus. Apesar de o minério de ferro ter cedido hoje 5,37% em Qingdao e a Bolsa de Xangai ter caído 7,72%, temia-se, no limite, algo ainda pior – considerando a extensão do feriado, especialmente nos mercados acionários, que retrocede a 24 de janeiro e foi prorrogado para esta segunda-feira.

Assim, as bolsas da Europa fecharam em alta moderada, com os índices de Nova York mostrando ganhos maiores, que chegaram a 1,34% no Nasdaq. Aqui, o principal índice da B3 lutou para se manter um pouco acima dos 115 mil pontos nos melhores momentos da sessão e acabou limitando o avanço no fim do dia, para encerrar em alta de 0,76%, a 114.629,21 pontos, tendo oscilado entre mínima de 113.467,40 e máxima de 115.299,47 pontos. O giro financeiro totalizou R$ 21,7 bilhões. Na semana passada, o Ibovespa acumulou perda de 3,90%, o pior desempenho para o intervalo semanal desde 16 de agosto de 2019.

Por aqui, as ações ligadas a commodities, entre as mais punidas pela aversão a risco internacional, fecharam sem direção única, com Vale ON em alta de 1,27%, e as da Petrobras ainda em terreno negativo, com a ON em baixa de 1,12% e a PN, de 0,95%, em meio à progressão da queda dos preços do petróleo: o Brent para abril fechou nesta segunda-feira em baixa de 3,83%, a US$ 54,45 por barril, ingressando em “bear market” bem como a referência americana, o WTI – movimento caracterizado por perda de ao menos 20% em relação ao pico mais recente, no caso, do início de janeiro. Além disso, há a venda de ações do BNDES, na quarta-feira, oferta que contribui para colocar pressão adicional nos papéis da petrolífera.

Assim como a Vale, o setor de siderurgia, que também esteve sob pressão em meio a dúvidas sobre a economia chinesa e os efeitos globais do surto de coronavírus, também teve desempenho positivo nesta sessão, com destaque para Gerdau PN, em alta de 2,49% no fechamento, após o Credit Suisse apontar que a empresa deve registrar crescimento significativo nos resultados em 2020, com aumento de preços no Brasil, recuperação das vendas e diluição dos custos.

Para as ações como um todo, foi positiva a relativa acomodação do dólar na sessão: a moeda à vista fechou em baixa de 0,84%, a R$ 4,2492.

“Após a correção da última semana, tivemos hoje um dia de ajuste, com base em preço e na contribuição do dólar (em baixa na sessão). As quedas no minério de ferro e nas bolsas da China vieram razoavelmente dentro do que se esperava, isso também ajudou”, diz um operador, acrescentando que a volatilidade deve persistir, na medida em que um evento como o coronavírus é difícil de precificar. “Espere pelo dia 12, o vencimento de opções sobre o Ibovespa, onde só tem cachorro grande – vai ser uma briga”, acrescenta.

Para Thiago Tavares, analista da Toro Investimentos, o pior sobre o coronavírus talvez tenha ficado para trás, na medida em que o surto tem se mantido relativamente contido à China, em especial à província de Hubei, com número relativamente pequeno de casos confirmados fora do país. A reação rápida das autoridades chinesas, não apenas na construção de hospitais e em medidas de quarentena, mas também com a injeção de liquidez hoje pelo BC, na retomada dos mercados de capitais, contribui para acalmar os ânimos, avalia o analista.

“Com o reinício das atividades do Congresso, hoje, a agenda interna volta a ganhar peso, e os fundamentos domésticos também tendem a ser acompanhados mais de perto, com o tempo”, caso a situação do coronavírus não se agrave, diz Tavares. Na quarta-feira, a expectativa majoritária é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) corte em 0,25 ponto porcentual a taxa Selic, colocando-a em 4,25%, o que seria nova mínima histórica. O movimento é amplamente antecipado, de forma que não deve causar grande efeito nos preços das ações, apontam analistas.

Autor: Luís Eduardo Leal, com Niviane Magalhães
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