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Backer tem oito marcas contaminadas
O Ministério da Agricultura identificou nesta quinta-feira, 16, contaminação em outros seis produtos da cervejaria Backer, em Belo Horizonte, investigada por suposta relação com 18 casos de intoxicação – entre eles, 4 mortes. Ainda ontem, foram realizadas buscas em uma empresa que seria a fornecedora de pelo menos uma das substâncias encontradas nas cervejas.
A pasta identificou monoetilenoglicol e dietilenoglicol, substâncias tóxicas, em lotes das cervejas Capitão Senra, Pele Vermelha, Fargo 46, Backer Pilsen, Brown e Backer D2. A contaminação das cervejas Belorizontina e Capixaba, vendida no Espírito Santo, já havia sido identificada anteriormente.
Segundo o ministério, as análises identificaram contaminação em 21 lotes. O governo diz que todos os produtos da Backer estão sendo retirados do mercado. Na semana passada, a fábrica teve a interdição determinada pelo ministério.
A Polícia Civil cumpriu nesta quinta mandados de busca e apreensão em uma empresa de Contagem, na Grande BH, fornecedora de uma das substâncias que contaminaram as cervejas. “Recolhemos amostras, alguns documentos”, afirmou o delegado Flávio Grossi.
Segundo ele, a empresa fornece produtos que “envolvem toda a cadeia de investigação, da contaminação inclusive”. A Backer teria usado água contaminada na produção de bebidas, diz o ministério. E essa contaminação foi dentro da cervejaria – ainda não se sabe como. Um ex-funcionário da Backer e um ex-empregado da fornecedora deram depoimento.
Os registros de mortes e intoxicações investigadas aumentaram. Segundo a Secretaria de Saúde de Minas, são quatro mortes suspeitas de intoxicação por dietilenoglicol.
Insuficiência renal
Dono de um bar na região centro-sul de BH, o empresário Milton Pires, de 89 anos, está entre as vítimas. Ele morreu na madrugada desta quinta na capital mineira, após ter tomado uma garrafa da cerveja Belorizontina no próprio bar com a mulher, na semana passada. Pires teve insuficiência renal grave e problemas neurológicos – já a mulher não apresentou nenhum sintoma.
Além de ser idoso, Pires tinha só um rim, o que pode ter agravado o quadro, segundo clientes do seu bar, o Baiúca. “Está todo mundo consternado. Era uma pessoa extraordinária. Tinha boa saúde. Era magro e caminhava todo dia pela manhã”, relatou uma amiga da família.
Thaisa Rosa, da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, diz que idosos podem ser mais afetados por contaminações. “Jovens e adultos conseguem ter mecanismos de defesa que podem ser recrutados rapidamente pelo organismo para se adaptar a um estresse.”
Dos 18 registros de intoxicação, 16 são homens. Quatro casos – uma morte e três internações – foram confirmados com teste laboratorial. Nos 14 restantes, houve relato de exposição à substância e sintomas. As mortes foram em BH, além de Juiz de Fora e Pompéu, no interior.
A Backer vem afirmando que usa só o monoetilenoglicol em seu processo produtivo e colabora com a investigação. (Colaborou José Maria Tomazela)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Leonardo Augusto, especial para o Estado
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