Brasil
Pesquisadora da Uesb desenvolve plásticos biodegradáveis e antimicrobianos
O Brasil ocupa a quarta posição de maior produtor de lixo plástico do mundo de acordo com os dados divulgados em 2019 pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF, sigla em inglês). Buscar alternativas para produção de material plástico biodegradável e sustentável tem sido uma das preocupações presentes nas pesquisas realizadas no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos, no campus de Itapetinga.
Com foco nas embalagens ativas, ou seja, aquelas que interagem com o alimento, uma série de pesquisas está sendo desenvolvidas sob a coordenação da professora Cristiane Patrícia Oliveira. É o caso do experimento da mestranda Luana Dias, que está produzindo um filme, embalagem ativa antimicrobiana, ao qual foi incorporado a enzima lisozima, que é natural e possui a característica de inibir o crescimento de alguns micro-organismos.
“No filme de Luana, estamos trabalhando com dois polímeros que formam o plástico. Um é natural, que é a quitosana, o amido e a gelatina, e tem o álcool polivinílico, que não é natural, mas possui característica de biodegradabilidade. O objetivo de misturar esses compostos é ter uma embalagem ativa que tenha características de biodegradabilidade”, esclareceu a orientadora.
Para a mestranda, é um diferencial utilizar material com caráter biodegradável, já que oferece ao consumidor a certeza de que a embalagem não vai agredir o ambiente de forma a liberar compostos tóxicos e permanecer, por anos, interferindo no solo e contribuindo na devastação da natureza. Nos testes realizados para mensurar o tempo que os plásticos levam para se decompor, a discente conseguiu constatar que a deterioração do material plástico formado pela quitosana, amido e gelatina precisou de dois meses enquanto que o plástico produzido de álcool polivenilico com quitosana se decompõe em aproximadamente três meses.
Outros testes foram realizados para verificar e analisar as características dos plásticos filmes como: testes de solubilidade, permeabilidade ao vapor d’água, propriedades mecânicas e percentual de transparência. Além disso, foram feitos testes de cor avaliada no espectro e de atividade antimicrobiana para verificar a formação de halos de inibição, que indica o quanto a enzima de lisozima expandiu sua ação. Nesse último aspecto, foi verificado pela pesquisadora que a expansão se deu de forma contínua.
“Eu analisei, no período de três dias, e todos os dias eu verificava esse aumento do halo de inibição. Então a enzima realmente migrou no meio de cultura. Provavelmente, em uma embalagem ela estaria migrando para o alimento e fazendo o controle microbiológico. Lembrando que a contaminação acontece da superfície para dentro”, explicou Dias.
A pesquisadora acrescentou ainda que esse tipo de embalagem “não é uma inovação no mercado, porque já existe. Mas, aqui no Brasil, seria uma inovação e também uma maneira de reduzir drasticamente o nível de contaminação de alimentos, justamente, por estabelecer esse controle microbiológico”.
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