Toda vitória carrega consigo um sentido muito forte de superação, quando a dedicação e os esforços aplicados são recompensados pelo reconhecimento da conquista. Este significado se torna ainda mais valioso quando aquilo que conquistamos pode mudar a nossa vida e nos ajudar a superar erros do passado.

É o caso do socioeducando J.E.P., de 18 anos, que cumpre medidas socioeducativas na Unidade de Internação Masculina Extensão (UIME A) e descobriu no xadrez um caminho para reescrever a sua história. Ele conta com o apoio da Superintendência de Medidas Socioeducativas (Sumese) da Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev) para desenvolver o seu talento e já coleciona medalhas e participações em importantes campeonatos estaduais.

Foi o que aconteceu no último Torneio Alagoano por Categorias, organizado pela Liga Brasileira de Xadrez (LBX) em conjunto com a Federação Estadual (FEXEAL), onde o jovem conquistou o segundo lugar na disputada categoria Sub 18, garantindo uma vaga para a Copa Brasil de Xadrez que acontecerá em novembro no Rio Grande do Sul. Para ele, a vitória vai além de um lugar no pódio, representa a conquista de uma vida nova, cheia de novas ideias e expectativas.

“Eu fico emocionado quando penso na minha participação nos torneios oficiais, pois tudo isso é fruto de muito suor”, comenta o adolescente. Ele começou a jogar xadrez enquanto cumpria medida na Kerigma e diz que a maior lição que aprendeu com o esporte foi a perseverança. “Estou decidido a focar nisso e se Deus permitir vou me tornar um professor e competidor profissional no futuro; é isso que eu quero para mim daqui pra frente”, afirmou.

Ao todo, seis socioeducandos participaram do torneio e três ficaram nas primeiras colocações. Eles são alunos da oficina de xadrez que acontece duas vezes por semana dentro do Complexo de Unidades com o professor Paulo Madeiro. O educador destaca que a atividade já reúne cerca de 20 alunos e tem contribuído significativamente para a disciplina e a integração dos jovens.

Sobre a seletiva, Madeiro diz que o nível foi elevadíssimo, contando com a participação de jogadores aspirantes a mestre e acostumados a competir em outros estados. Confiante, ele afirma que o resultado não surpreendeu pela dedicação dos socioeducandos.

“Mesmo sabendo que essas categorias são muita concorridas, o resultado não foi surpresa, pois os nossos garotos são dedicados e estão muito bem preparados. Eles não jogam apenas por brincadeira, de forma lúdica, mas utilizam estratégias e táticas profissionais”, pontuou o mestre.

O supervisor de Esporte, Cultura e Lazer da Seprev, Thiago Santos da Silva, explica que o xadrez, bem como outras atividades esportivas, recreativas e laborais, é fortemente explorado na medida socioeducativa e tem contribuído muito para a reinserção social dos adolescentes.

“As atividades propostas pela Sumese, como as oficinas esportivas e culturais, estão sempre associadas ao cunho pedagógico com o objetivo de fomentar o aprendizado e o conhecimento. O êxito dessas atividades, como é o caso do xadrez, é comprovado no engajamento escolar dos garotos, que têm apresentado melhorias expressivas em seus resultados dentro da sala de aula. Além disso, essas práticas ajudam no bem-estar dos socioeducandos e na convivência com os demais”, explicou

Hoje, o xadrez é aplicado em quatro unidades e os resultados são surpreendentes, não só nas competições, mas no desenvolvimento pessoal dos socioeducandos. Tudo isso tem contribuído comprovadamente para o êxito dos adolescentes, ajudando-os a projetar uma vida de crescimento na busca por novos sonhos e oportunidades após o cumprimento da medida.