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A luta é por empregos

Lidinaldo Freitas 13/06/2019
A luta é por empregos

O Brasil registra taxas de desemprego com duas casas decimais desde 2016. Segundo os dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, são cerca de 30 milhões de brasileiros desempregados, desalentados ou subocupados. A mesma pesquisa mostra ainda que um quinto das famílias já usa lenha ou carvão para cozinhar, por não ter como comprar o gás de cozinha, sem falar no crescente número de famílias que vivem de aluguel ou favor.

Nesse mesmo período o país mergulhou em uma política econômica recessiva, com uma agenda de cunho neoliberal que tem sido aprofundada enquanto a crise só piora. É como se o remédio aplicado para combater uma doença não surtisse efeito, pelo contrário, a doença se agrava e ao invés do remédio ser substituído por outro, por outra abordagem, aumenta-se cada vez mais a dosagem do mesmo. No caso da economia brasileira, o exemplo toma proporção dramática, considerando-se que diferentemente da exatidão científica da medicina, nas ciências econômicas prevalece sobre o diagnóstico e a escolha do remédio a visão de mundo de quem assina a receita.

A reforma trabalhista realizada durante o governo Temer tinha como justificativa a modernização das relações de trabalho e como promessa, a geração de empregos. Mas a dita modernização significou apenas a precarização das relações trabalhistas, já as promessas de emprego ficaram apenas no campo de promessas vazias. Ocorre que a lógica que impera, a mesma da reforma da previdência, é o remédio que está matando nossa economia. Pois, espera-se que o mercado faça tudo, que ele veja o setor público se retirando, saindo de cena, e passe a agir livremente.

Essa visão se manifesta na reforma da previdência na medida em que o tão falado trilhão não terá por finalidade ser investido em áreas e projetos que possam impulsionar a economia. Trata-se apenas de uma forma de provar ao mercado financeiro que o governo terá superávit suficiente para honrar o pagamento de juros, ou seja, nada de ampliar seu capital na produção e contratar mais funcionários, melhor comprar títulos do tesouro.

O conteúdo da reforma da previdência do governo Bolsonaro por si só provocará maior restrição da renda das famílias. Mesmo que não passem as maldades propostas para o BPC e a aposentadoria do trabalhador rural, a massa salarial dos trabalhadores irá reduzir. Soma-se a isso a ausência de perspectivas de elevação dos investimentos, de projetos estratégicos para o país que enfrentem nossas carências e ao mesmo tempo gerem empregos, como a falta de saneamento básico para mais de 70 milhões de brasileiros.

Por isso que a greve geral do dia 14 desse mês, mais as inúmeras manifestações dos trabalhadores, posições dos governadores, prefeitos e parlamentares não devem ser entendidas como corporativas. A luta em curso não é apenas para que não sejam retirados direitos, pois parte significativa da população já não os tem, a luta é por empregos, pelo fim do veneno econômico que mata os sonhos das famílias, que destrói vidas e o futuro do país.