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O poeta da saudade
Parodiando o vate Antônio Pereira: “ QUEM QUISER PLANTAR SAUDADE/ ESCALDE BEM A SEMENTE/ PLANTE NUM LUGAR BEM SECO/ ONDE O SOL SEJA BEM QUENTE/POIS SE PLANTAR NO MOLHADO/ QUANDO CRESCER MATA GENTE”. SAUDADE É UM PARAFUSO/ QUE NA ROSCA QUANDO CAI,/ SÓ ENTRA SE FOR TORCENDO/PORQUE BATENDO NÃO VAI / E ENFERRFUJANDO DENTRO/ NEM DISTORCENDO NUM SAI”. “SAUDADE É BORBOLETA,/QUE NÃO CONHECE A IDADE./ VOANDO VAI LÁ VEM CÁ, MISTERIOSA, À VONTADE./ SOLTANDO PELO DAS ASAS,/CEGANDO A HUMANIDADE”.
Do jurista Diógenes Tenório Júnior, membro efetivo da Associação Alagoana de Imprensa ( AAI), recebi seu majestoso livro intitulado O poeta da saudade – Tito de Barros – Vida e Obra com lisonjeira dedicatória: “ Ao amigo Laurentino, arguto defensor da democracia e da liberdade, como abraço fraterno do autor”. “Dioginho” sempre solícito. Herdou do preclaro genitor a fidalguia. Hoje, juiz de direito emérito Diógenes Tenório de Albuquerque, exerce as relevantes funções de Assessor Especial do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas. Aliás, convivi com ele na década de sessenta como então diretor da Cesa – Casa dos Estudantes Secundaristas de Alagoas.
Nas duzentas e cinquenta páginas bem escritas, encontra-se discurso de posse do saudoso imortal da Academia Alagoana de Letras ( 1946), Mendonça Júnior. Pela densidade erudita transcrevo-o na integra: “ Venho falar-vos de Tito de Barros, poeta e soldado, em cuja alma, como nos campos manchegos, D. Quixote e Sancho Pança caminhavam juntos, alternando-se os impulsos românticos do cavaleiro andante com o senso prático do escudeiro”.
Doutor Diógenes Júnior já se consagrou como poeta, autor de várias obras exaltando sua bucólica Murici, e, ao mesmo tempo, expondo suas ideias de escritor contemporâneo. Quase que não lhe resta outros atributos.Muito pelo contrário, como inquilino da Casa de Demócrito Gracindo deslancha competência a serviço das letras. E, portanto, tem o dom de ter nascido vate transferido geneticamente pela sua inesquecível avó materna, Izarele de Souza Santos.
Pesquisa acurada, o autor trouxe à tona pela feliz iniciativa a Vida e Obra de Tito de Barros. Soldado na expressão maior de sua vocação. Fazedor de versos imorredouros que abrilhantaram as bibliotecas de sua época. E, por conseguinte, contribuiu de forma efetiva pela perenidade do vernáculo herdado de Camões/ Bilac.
Ei-lo fazendo justiça à memória de sua querida genitora Domitilla: “ Não choro a minha cegueira, / Choro a falta do meu guia: / Minha mãe quando era viva,/ Eu era cego que via./ Minha mãe, que tanto chora,/ Carregando a sua cruz/ Só não é Nossa Senhora/ Porque não é mãe de Jesus”.
Na sua modéstia de poeta, o filho ilustre de Murici esbraveja simplicidade inserida na Nota de sua autoria: “ O mérito deste livro, no meu sentir, reside no resgate dos poemas completos de Tito, que bem nos dão a exata noção da sua dimensão intelectual. Estão todos eles reproduzidos aqui, da forma em que foram originalmente publicados. A única mudança que introduzi foi a de suprimir as repetições de alguns, que figuravam em mais de um livro, mantendo-se naquele em que apareceram pela primeira vez”. Felicito “Dioginho” pelo apreço à minha singularíssima pessoa.Almejo continuar a merecer seu apreço.Organização: Francis Lawrence.
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