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‘Investimentos seguem objetivos, não governo’, diz superintendente da Anbima
Mesmo um evento decisivo tal qual uma eleição presidencial – como a de Jair Bolsonaro (PSL) – não deve levar o investidor a fazer mudanças radicais em seus investimentos por medo de “ficar de fora”. Para Ana Leoni, superintendente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a estratégia das aplicações financeiras deve seguir em primeiro lugar os objetivos do investidor, já que “as variáveis do governo tendem a se neutralizar no tempo”.
Para a educadora financeira, investimentos que estão na mira do mercado, como Bolsa, só são de fato oportunidades se estiverem alinhados aos propósitos de quem investe. “Senão, é mero risco”, diz.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
O investidor deve se preocupar com a mudança de governo na hora de escolher suas aplicações?
Sempre haverá algum evento. De quatro em quatro anos temos eleição presidencial, mas ao longo de 12 meses há redução de juros, mudanças macroeconômicas, mercado externo… Para o investidor menor, mais comum, essas variáveis podem ser observadas, mas não há impacto imediato nos investimentos mais cotidianos. Se o investidor tem clareza de seu propósito – como a aposentadoria, uma festa de 15 anos ou algum gasto para daqui um ano -, esses objetivos não mudam. Num fundo, por exemplo, os gestores consideram os impactos do governo e ajustam os ativos para que seja respeitada aquela política do investimento. Se o objetivo da sua aplicação não mudou, as variáveis do governo tendem a se neutralizar no tempo. As pessoas têm o fear of missing out – medo de ficar de fora. Essa síndrome pode causar movimentos não saudáveis ao longo do tempo. Se o objetivo da aplicação não mudou, não há necessidade de mudar a estratégia de investimentos. O calendário tende a se neutralizar. Não é preciso fazer ajustes se o investimento foi bem pensado.
Como fazer para investir agora – o 13.º, por exemplo -, em meio à mudança de cenário?
É preciso entender e avaliar as oportunidades. Por exemplo: quem quiser comprar dólar agora porque a cotação caiu um pouco, pode; mas, se não for usar para viajar, não faz sentido. O objetivo tem de estar alinhado à janela de oportunidade. Se a Bolsa tem perspectiva de alta, quem quiser experimentar um movimento diferente pode entrar – mas só se puder tolerar risco. As pessoas pensam: aquela oportunidade está passando. Mas, têm de pensar: ela faz sentido para mim? A Bolsa pode disparar, mas será que devo colocar o dinheiro reservado para a entrada do apartamento na Bolsa? A oportunidade pode se transformar em um fracasso. Nem todas as oportunidades são para todo mundo. Elas só podem ser tratadas como oportunidade se estiverem alinhadas ao objetivo. Senão, é mero risco.
Nos últimos 4 anos, como vê o amadurecimento da relação do brasileiro com dinheiro?
A gente fez a pesquisa do raio X do investidor e viu que o assunto está mais em pauta. A última crise veio para mostrar que é preciso cuidar mais do dinheiro. Antes, era assunto muito restrito, velado. Trabalho há 14 anos com educação financeira e vejo que esse assunto vem sendo discutido como nunca antes. Mas, ainda há um número grande de pessoas que não conseguem fazer sobrar no final do mês, ainda precisam de muito ajuste no orçamento. Outro problema é que o que sobra tem como destino principal a poupança. Sim, esse é o primeiro passo para guardar o dinheiro. Mas, o próximo desafio é investir melhor. Quando temos um cardápio com mais opções, conseguimos variar o apetite.
Como variar o apetite?
Não dá para sair do zero ao cem. As pessoas precisam entender que entre a poupança e ações há um caminho enorme. Essa situação de “achar que está de fora” faz atropelar muitas etapas. Foque no objetivo e vá experimentando aos poucos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Jéssica Alves
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