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O legado de Burle Marx à vista em SP
Roberto Burle Marx nasceu em plena Avenida Paulista, mas se tornou conhecido por obras em outras capitais, especialmente no Rio. A menos de um ano das comemorações dos seus 110 anos de nascimento, o maior paisagista brasileiro é lembrado em documentário e exposição com lançamento ainda neste ano.
O documentário Filme Paisagem – Um Olhar Sobre Roberto Burle Marx, do cineasta João Vargas Penna, estreia dia 15 no cinema. A obra faz um mergulho sensorial no sítio do paisagista, em Guaratiba (RJ), e em outros projetos icônicos que participou, como o calçadão de Copacabana, no Rio. “O interessante dos projetos de Burle Marx é que são sazonais, os elementos mudam ao longo dos meses – às vezes tem uma flor, às vezes está todo florido”, explica o diretor.
E em dezembro, o MuBe abre a exposição Burle Marx: Arte, Botânica e Paisagem, que deve reunir pinturas, esculturas, amostras de vegetais e maquetes de projetos. “Quando se fala de Burle Marx, também se fala de alguém que está na origem de um museu de ecologia. O patrimônio do MuBE é o seu prédio e o seu jardim”, aponta Cauê Alves, curador do museu.
Em São Paulo, a variedade de plantas, formas e materiais explorada por Burle Marx está presente em jardins diversos, como o da Fundação Ema Klabin. “Procuramos respeitar o projeto original, mas muitas espécies tiveram de ser substituídas pelo sombreamento maior das árvores adultas. As modificações promovidas por Ema Klabin ao longo de sua vida também são preservadas”, explica Paulo de Freitas Costa, curador do espaço.
O paisagista vivia uma permanente busca por novos elementos, segundo o ex-sócio José Tabacow, com quem trabalhou durante 17 anos. E realizar projetos de espaços públicos era o que mais atraía Burle Marx. “A sua principal característica era não cair em uma fórmula, ele não tinha medo de propor coisas novas.”
Tabacow ressalta, ainda, que o ex-sócio influenciou muitos colegas pela extremo envolvimento com plantas. “Não era só a técnica de cultivo, mas de conhecer os ciclos ecológicos, os locais de onde viera.”
Com tamanho interesse, o paisagista se aproximou da professora de Botânica da USP Nanuza Menezes, com quem participou de expedições pelo País. “Ele era tão sensível, via a arquitetura da planta”, explica.
Paulistas
Em São Paulo, além de Paulo Mendes da Rocha, Burle Marx colecionou diversas parcerias de grande expressão, como com os arquitetos Rino Levi e Gregori Warchavchik. Uma delas é a Capela Cristo Operário, no Alto do Ipiranga, na zona sul, que tem murais de Alfredo Volpi, Yolanda Mohalyi e Geraldo de Barros. O local costuma funcionar nas terças-feiras e nos fins de semana.
Outro exemplo é o Parque Burle Marx, no Panamby, zona sul, antiga Chácara Tangará, em parceria com Oscar Niemeyer. De toda o paisagismo, o de autoria de Burle Marx é exclusivo do jardim xadrez, que mistura duas espécies de grama para lembrar um tabuleiro, além de um espelho d’água e um mural. O espaço está em restauro desde setembro.
O paisagista também foi responsável por projetos de recuperação, como o do Parque Tenente Siqueira Campos (Trianon), na Avenida Paulista. Perto dali, também na Avenida Paulista, fica o Parque Mario Covas, local onde o paisagista viveu até os 4 anos e, há dez anos, acabou transformado em um espaço público. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Priscila Mengue
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