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Dia dos finados

02/11/2018
Dia dos finados

A vida não se extingue com a morte, essa assertiva e crença entre os cristãos e os fiéis de inúmeras religiões, porque existe a concepção de que a vida é eterna. O costume de rezar pelos mortos existe desde os primórdios do Cristianismo, no século II depois de Cristo, os cristãos já rezavam pelos falecidos, com visita aos túmulos dos seus familiares e amigos que passaram pela transição da morte terrena. No século V a Igreja Católica dedicou um dia do ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém lembrava. Também o abade Santo Odilon, abade do mosteiro beneditino de Cluny (França), no ano de 998, pedia aos monges que orassem pelos mortos. Os Papas Silvestre II (1009), João XVII (1009) e Leão IX (1015), a partir do século XI obrigaram aos fiéis católicos dedicar um dia aos mortos. Mas em 1311 a Igreja oficializou a celebração do Dia de Finados a ser comemorado em 2 de novembro, porque 1º de novembro é a Festa de Todos os Santos e o Papa Bento XV estendeu a solenidade a toda a Igreja Católica, em 1915. A própria doutrina católica evoca passagens bíblicas para fundamentar sua posição (cf. Tobias 12,12;  1,18-20; Mt 12,32 e II Macabeus 12,43-46), e se apoia em uma prática de quase dois mil anos.

O Dia dos Finados, dos Defuntos ou dos Mortos é uma tradição na Igreja Católica. Os Druidas, pessoas encarregadas das tarefas de aconselhamento dentro da sociedade Celta, que acreditavam na continuação da existência da alma mesmo depois da morte, reuniam-se nos lares, e não nos cemitérios, no primeiro dia de novembro, para homenagear e evocar os mortos. Na Igreja Anglicana, após a Reforma Protestante, a celebração do Dia de Finados foi fundida ao da Festa de Todos os Santos. Entre os protestantes históricos da Europa, a tradição foi tenazmente mantida, mesmo com a forte influência de Martinho Lutero que na Saxônia tentou abolir sua celebração durante sua vida, mas a Igreja Luterana determinou por sanção oficial a manutenção da memória aos mortos que sobrevive fortemente no costume popular. Na Prússia, por volta de 1816, foi introduzida uma nova data para a lembrança dos mortos, com feriado, entre os cidadãos luteranos, na qual é celebrada no último domingo antes do Advento. Quanto ao Dia de Todos os Santos, a Igreja Metodista, todos os fiéis batizados são santos, de modo que, no Dia de Todos os Santos, a congregação local honra e recorda seus membros falecidos.

Para os Espíritasvisitar o túmulo é a exteriorização da lembrança que se tem do espírito querido, é uma forma de manifestar a saudade, o respeito e o carinho, pois segundo consta no Livro dos Espíritos, codificado por Allan Kardec a lembrança dedicada aos desencarnados os sensibiliza, conforme sua situação. Entretanto, nada há de solene comparando-se aos demais dias. Contudo a cerimônia deve ser realizada com boa intenção, sem ser apenas um compromisso social ou protocolar, desde que não se prenda a manifestações de desespero, de cobranças, de acusações, como ocorre em muitas situações. Para os espíritas a visitação ao túmulo não é condenável, como nada o é no Espiritismo, apenas é conduzida à compreensão de forma lógica e racional. O espírito, ou alma, agora desencarnada, não se encontra no cemitério, e pode ser lembrada e homenageada através de uma prece em qualquer lugar. A prece que deve ser proferida pelo coração, pelo sentimento, santifica a lembrança, e é sempre recebida com prazer e alegria pelo espírito desencarnado.

Durante minha infância, na minha cidade natal, uma das Igrejas Católicas da nossa Paroquia foi escolhida para acolher semanalmente, nos dias de Segunda-Feira, a Missa dos Defuntos. Todos os falecidos da semana eram referenciados nas Missas de Segunda-Feira na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída pelos escravos no século 18. O Templo continua existindo mais a Administração Pública e a Diocese transformaram o local em um Museu de Arte Sacra e Indígena, extinguindo as Missas de Defuntos das Segundas Feiras.

Além do Dia anual dos Finados, quis a Igreja Católica que um dia de cada semana (a segunda-feira) fosse con­sagrado a sufragar os falecidos, sendo que, em muitas Ordens religiosas, junta-se nesse dia ao Ofício canônico – o dos mortos. Pensemos nisso! Por hoje é só.