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Corte do Paquistão absolve cristã condenada à morte em 2010 por blasfêmia
A Suprema Corte do Paquistão absolveu nesta quarta-feira, 31, uma mulher cristã que havia sido condenada à morte em 2010 por blasfêmia, numa sentença histórica que deve provocar diversos protestos e ações violentas por parte de islamistas conservadores.
O presidente do tribunal, Mian Saqib Nisar, anunciou o veredicto em uma sala lotada e ordenou que Asia Bibi seja colocada em liberdade. Ela estava reclusa em um local secreto por motivos de segurança e deve deixar o país.
Em 2008, Asia foi buscar água para ela e os companheiros com os quais trabalhava no campo. Duas muçulmanas se negaram a beber de um recipiente utilizado por uma cristã. Poucos dias depois, um grupo acusou Asia de blasfêmia, e ela foi condenada e sentenciada à morte.
O mero rumor de blasfêmia pode provocar violência massiva e linchamentos no Paquistão. A luta contra ela se tornou o grito de guerra dos islamistas conservadores.
Salman Taseer, governador da Província de Punjab, morreu por disparos de um de seus guardas em 2011 por defender Asia e criticar o mau uso da lei da blasfêmia. O assassino dele, Mumtaz Qadri, é venerado como um mártir pelos conservadores desde que foi enforcado pelo crime, e milhões de pessoas visitam um santuário erguido em seu nome perto de Islamabad.
Protestos
Antes da decisão, Khadim Hussain Rizvi, um clérigo conservador, convocou seus partidários a se reunirem em grandes cidades para expressar seu amor pelo profeta e protestar se Asia fosse colocada em liberdade. As autoridades reforçaram a segurança nas igrejas de todo o país.
Pouco depois da decisão judicial, centenas de islamistas bloquearam uma importante rodovia entre a cidade de Rawalpindi e a capital, Islamabad. Na maior cidade do Paquistão, Karachi, e em Peshawar há protestos e atos semelhantes foram registrados em outros lugares.
A família de Asia e seu advogado disseram que ela nunca insultou o profeta. Além disso, o advogado Saiful Malook destacou algumas contradições nas declarações das testemunhas. Duas muçulmanas que apresentaram acusações contra Asia negaram que brigaram com ela.
Críticos à lei da blasfêmia apontam que a mesma é usada para ajustar contas pessoais ou atacar comunidades minoritárias. O caso de Asia foi acompanhado internacionalmente ante a preocupação pelas minorias religiosas do país, que têm sido objeto de ataques extremistas nos últimos anos.
O marido de Asia elogiou o veredicto desta quarta-feira. “Estou muito feliz. Meus filhos estão muito felizes. Agradecemos a Deus. Agradecemos aos juízes por nos conceder justiça. Sabíamos que ela é inocente”, disse Ashiq Masih. “Minha mulher passou muitos anos na prisão e esperamos que logo possamos estar juntos em um lugar pacífico”, finalizou. Fonte: Associated Press.
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