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Tributo ao venerável Sebastião Arruda

28/08/2018
Tributo ao venerável Sebastião Arruda

Independentemente daquele que foi e daquilo que realizou, o meu irmão fraterno e amigo Sebastião Arruda Sobral possuía a nobreza e o sagrado em seu nome. “Sebastianus”, de língua latina, tinha sua origem no grego “Sebastianós”, que quer dizer literalmente “divino, venerável”. Essa honraria se deve ao fato da sua história: um soldado Romano, que foi martirizado por professar e não renegar a sua fé em Cristo Jesus. Sua biografia é conhecida somente pelas atas romanas da sua condenação e martírio. Nessas atas, os escribas escreviam dando poucos detalhes sobre o martirizado e muitos detalhes sobre as torturas e sofrimentos causados a eles antes de morrerem. Essas atas eram expostas ao público nas cidades com o fim de desestimular a adesão ao cristianismo. São Sebastião nasceu na cidade de Narbona, na França, em 256 d.C. Ainda pequeno, sua família mudou-se para Milão, na Itália, onde ele cresceu e estudou. O Santo Sebastião optou por seguir a carreira militar de seu pai. No exército romano, chegou a ser Capitão da 1ª da guarda pretoriana. Esse cargo só era ocupado por pessoas ilustres, dignas e corretas. O soldado Sebastião era muito dedicado à carreira, tendo o reconhecimento dos amigos e até mesmo do imperador romano, Maximiano. São Sebastião é padroeiro dos arqueiros, além de Patrono da cidade do Rio de Janeiro.

Sebastião Arruda Sobral nascido em Surubim (PE), cidade conhecida como a Capital da Vaquejada, menor que o município de Palmeira dos Índios, terra escolhida por Sebastião Arruda para residir com sua família, há cerca de 40 anos. Experiente motorista profissional e técnico em mecânica serviu bastante à nossa região construindo barragens com suas poderosas máquinas, uma vez contratado por órgãos públicos ou particulares. Sebastião Arruda viveu entre nós durante mais de 40 anos. No próximo dia 15 de setembro ele faria 89 anos de idade. Era um homem simples, modesto, mas muito dinâmico e competente nas atividades que desenvolvia. Tinha uma habilidade rara para ser perfeito e dotado de uma visão amplo do conjunto. Tanto desempenhava um bom papel como marido, como pai, operário ou mestre. De fato, sua “maestria” era uma espécie de controle simples e flexível, quase que perfeccionista. Parecia ser tímido e retraído, mas quando debatia possui bons argumentos e boa criatividade. Era uma pessoa reservada, suas aspirações secretas eram poucas reveladas, mas exibia uma personalidade ardoroso, com um gosto imenso pela vida.

Eu conheci Sebastião Arruda na Maçonaria. Convivi com ele na Loja Simbólica “Princesa do Sertão”, onde, tanto ele quanto eu fomos Veneráveis Mestres desta Oficina. Posteriormente, ele me auxiliou na criação e fundação da Loja Filosófica “Hiram Abif”, na qual ele e eu, em épocas diferentes fomos Presidentes. Mas, a nossa relação foi mais estreita e mais fraterna durante o período em que me decidi conquistar a conquistar o Grau 33. Sebastião Arruda foi meu conselheiro, meu companheiro e meu instrutor.

Quando não estávamos discutindo e aprimorando nossos conhecimentos filosóficos sobre a Maçonaria Universal e Brasileira, a gente repassava algumas histórias vividas por nós ao longo dos nossos anos de vida. Ele tinha mais “estórias” para narrar. Lembrava-se da família, da famosa enchente na cidade de Surubim (PE), da sua luta para sobreviver. Demonstrava ser um homem muito exigente e um tanto autoritário para consigo mesmo. Mas também era prestativo e solidário. Era um homem trabalhador, correto, atento às questões que envolviam a esposa e os filhos. Sua vida era repleta de experiências. O saudosismo era sua companhia diária. Gostava de falar sobre Surubim em Pernambuco e de Montes Claros em Minas Gerais, onde também possuía família e amigos.

Tal como retratou em sua poesia, o mineiro Carlos Drummond de Andrade: “Cada irmão é diferente, sozinho, acoplado a outros sozinhos”. Tanto faz se “são seis ou são seiscentas as distancias que se cruzam”. Pouco importa, “que léguas de um a outro irmão”. “A casa é a mesma, igual, vista por olhos diferentes”. “Ser irmão é ser o quê? Uma presença a decifrar mais tarde, com saudade? Com saudade de quê? De uma pueril vontade de ser irmão futuro, antigo e sempre?”…  Minha amizade e irmandade com Sebastião Arruda Sobral retrata essa fraternidade maçônica, próprio de irmãos, íntimos e afetuosos. Sebastião Arruda partiu para o Oriente Eterno, mas deixou aqui muita saudade… Pensemos nisso! Por hoje é só.