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Dólar sobe 2% e vai a R$ 3,8737 mesmo com injeção de US$ 2,4 bi do BC
O Banco Central tentou segurar o dólar nesta quarta-feira, 27, mas não teve sucesso. Mesmo durante o jogo do Brasil na Copa da Rússia, a moeda chegou a renovar várias máximas, para fechar em R$ 3,8737 (+1,99%), a maior cotação desde o dia 7 de junho (R$ 3,9146). Entre os principais países emergentes, o real teve o segundo pior desempenho ante o dólar hoje, perdendo apenas para a moeda da África do Sul. Especialistas em câmbio citam, entre os principais fatores para explicar a alta da moeda dos Estados Unidos hoje, o cenário externo adverso, saída de recursos de estrangeiros do Brasil e ação de especuladores com os vencimentos dos swaps.
O BC fez hoje dois leilões de linha, que é a venda de dólar no mercado à vista com compromisso de recompra, colocando um total de US$ 2,425 bilhões no mercado. O diretor de um banco europeu ressalta que só o fato de o dólar já estar subindo no exterior – por causa da normalização da política monetária dos Estados Unidos e da tensão comercial entre Washington e outros países – já é fator suficiente para manter o câmbio pressionado aqui. Para piorar, ele acrescenta que o Brasil tem um quadro de elevada incerteza com a eleição presidencial, sem sinalização clara de que um candidato reformista vá vencer, o que abre espaço para movimentos especulativos e fuga de capital externo.
Dados do Banco Central do fluxo cambial divulgados hoje confirmam saída de capital externo pelo fluxo financeiro (que inclui as aplicações em bolsa e renda fixa). Entre os dias 18 e 22, foram retirados US$ 766 milhões em valores líquidos. Operadores começaram a notar a retirada dos recursos em meados da semana passada, quando as taxas do cupom cambial (juro em dólar) começaram a subir. Para alguns profissionais do mercado, foi esse movimento que levou o BC a ofertar linha, o que não fazia desde março. O final deste mês é tanto encerramento de trimestre como de semestre, o que aumenta a demanda por dólar no mercado à vista para remessa de recursos ao exterior por empresas.
Para o ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria Integrada, Gustavo Loyola, a atuação da autoridade monetária no câmbio está correta. “O importante para o BC é irrigar a liquidez no mercado de câmbio, mas sem também gerar muita previsibilidade”, ressalta ele. “As intervenções no mercado de câmbio têm sempre que deixar algum risco para quem tem posições, quer sejam compradas ou vendidas”, disse ele. “A atuação do BC tem sido, de maneira geral, correta.”
Autor: Altamiro Silva Junior
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