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No Dia da Mulher, jovem é morta a facadas pelo marido em Itaquá
A jovem Natali Melo dos Santos, de 26 anos, foi assassinada a facadas pelo marido na madrugada desta quinta-feira, 8, no apartamento onde o casal vivia em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. Adriano Diogo das Chagas, de 27, foi preso em flagrante. O caso de feminicídio aconteceu na data em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher e foi mais uma ocorrência em que a vítima foi morta dentro da própria casa.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo, a Polícia Militar recebeu a denúncia de que uma pessoa estava sendo esfaqueada dentro de casa, na Rua Paulo Maximiliano, no bairro Jardim Carolina, por volta da 1h45.
Quando chegaram ao local, os policiais militares encontraram a vítima já sem vida na sala do apartamento. Ao redor do seu corpo, havia muito sangue e a faca usada no crime. Testemunhas disseram à PM que o autor do homicídio ainda estava nas proximidades e que havia se envolvido em um acidente de carro.
Ainda de acordo com a SSP, Chagas havia tentado fugir, mas perdeu o controle do veículo e bateu em um poste na Estrada de Santa Isabel. Quando os policiais se aproximaram do carro, o suspeito saiu e foi contido pelos agentes.
Chagas aparentava estar embriagado. Os PMs tentaram conversar com o suspeito, mas ele não estava em condições de falar e foi levado por uma ambulância à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Caiuby, em Itaquaquecetuba, onde foi medicado.
Na sequencia, o suspeito foi encaminhado à delegacia, onde recebeu voz de prisão em flagrante e foi conduzido à cadeia pública local.
A Polícia Civil solicitou exame necroscópico em Natali e de corpo de delito para Chagas. A perícia foi enviada ao local do crime.
A ocorrência foi registrada como homicídio qualificado com qualificação de feminicídio, violência doméstica e ameaça no 1º Distrito Policial de Itaquaquecetuba (Jardim Caiuby).
Feminicídio dentro de casa
A morte de Natali é mais uma que confirma a pesquisa feita pelo Ministério Público Estadual (MPE) de São Paulo, que apontou que dois terços dos feminicídios no Estado são cometidos na casa da vítima. Além disso, o crime foi executado com uma faca – em 58% dos casos são usadas armas brancas.
A pesquisa analisou estatísticas de 121 cidades paulistas de março de 2016 a março do ano passado. O Núcleo de Gênero do MPE pesquisou 356 denúncias apresentadas à Justiça e divulgou o estudo na semana passada. Dos registros, em 75% a vítima tinha laço afetivo com o agressor, como foi o assassinato de Natali.
A Lei do Feminicídio – que prevê penas mais altas para condenados por assassinatos decorrentes de violência doméstica ou por discriminação e menosprezo à mulher – completou três anos de promulgação nesta sexta-feira, 9.
A lei classifica esses homicídios como hediondos, dificultando, por exemplo, a progressão da pena do condenado, além de elevar em até um terço a pena final do réu. Mas muitos dos crimes passíveis de enquadramento como feminicídio ainda não são registrados assim, dizem especialistas.
De acordo com a promotora Valéria Scarance, coordenadora do Núcleo de Gênero do MPE, um dos méritos do estudo é tentar desmistificar informações, como as que indicam que a maioria dos casos é praticada aos fins de semana. O estudo mostra que 68% dos crimes aconteceram durante a semana e 39%, durante o dia.
Para cometer os crimes, a maioria (58%) usou armas brancas, como facas, ou ferramentas (11%), como martelo. O uso de arma de fogo foi constatado em 17% dos crimes.
Autor: Felipe Cordeiro
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