Variedades
Fantasmas de Helen Mirren não assustam
Há mais chance de o espectador se impressionar e até se assustar com a imagem de Helen Mirren num traje de época, com véus pretos esvoaçantes, do que no filme em que ela aparece assim. “A Maldição da Casa Winchester” despertou, inicialmente, boa expectativa. Afinal, além da grande atriz – vencedora do Oscar por “A Rainha” -, o filme foi escrito e correalizado pelos irmãos Michael e Peter Spierig, de “Jogos Mortais 8” e “O Predestinado”. A própria história despertava curiosidade, senão fascínio.
Sua base é real, inspirada na experiência de Sarah Winchester, que construiu a casa do título. Ela existe de verdade, num ponto isolado, mas não muito distante de São Francisco. É considerada a casa mais assombrada do mundo, uma espécie de monstrengo. Durante anos, Sarah construiu a habitação de sete andares e centenas de quartos como um mausoléu para prender os espíritos perversos das vítimas sobre as quais se construiu sua fortuna.
Sarah herdou um império familiar construído sobre a venda de armamentos. Perturbada, espera confinar os espíritos vingativos. Seu objetivo final é salvar a sobrinha, e ela espera contar com a ajuda da ciência. Boa parte do conflito, quando os espíritos não estão aparecendo e a luz piscando – velhas receitas de terror às quais os Spierigs não escapam – se estabelece entre Sarah e o médico interpretado por Jason Clarke. O resultado é pífio, embora possa ser divertido ver uma atriz do porte de Helen interpretar um papel mal escrito.
Não há densidade, nem na construção da tal maldição, e o filme também não entra no mérito da questão dos armamentos – na ordem do dia após o recente massacre na Flórida. Volta e meia, quando ocorrem essas chacinas na América, surgem protestos, mas a poderosa Associação do Rifle consegue manter intocada a venda de armas como direito do povo norte-americano à sua proteção.
Helen é grande atriz, mas filma demais, e aceita tudo. “Red – Aposentados e Perigosos”, por exemplo, é comédia de ação. Se os Spierigs não se levassem a sério e tratassem seu filme como paródia, daria para (morrer de) rir com os fantasmas de Helen Mirren, perdão, Sarah.
Autor: Luiz Carlos Merten
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