Política
Câmara analisa ação penal contra o presidente Michel Temer
A sessão plenária da Câmara dos Deputados iniciou às 9h desta quarta-feira, 2 de agosto. Do lado de fora, no Salão Verde, os deputados da oposição ao governo Michel Temer iniciaram uma manifestação e entraram no plenário carregando cartazes com os dizeres “Fora, Temer” e gritando “Direta, Já”.
Às 9h30, o presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ), abriu a ordem do dia. A estratégia dos oposicionistas é não dar quórum à sessão que vota hoje o relatório pelo arquivamento da denúncia contra Michel Temer, por corrupção passiva.
Segundo o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), a preocupação de conferir quórum para votação é dos governistas. Porém, se o mínimo de deputados, de 342, for alcançado, eles garantem que entrarão na votação para dar continuidade à investigação do presidente Michel Temer.
Alguns parlamentares da oposição chegaram ainda durante a madrugada na Câmara dos Deputados. Às 9h50, o painel marcava 175 presenças na casa e 109 na sessão. O deputado José Guimarães (PT/CE), explicou que a inscrição não significa presença. “Só é presença no plenário se o parlamentar se inscreve para falar no microfone. Nós vamos deixar o governo garantir quórum. Há uma discussão de que ele não conseguirá nem 250 presenças”, disse.
Para o relatório pelo arquivamento da denúncia contra Michel Temer ser votado é necessário quórum mínimo de 342 deputados. “Na hora da votação, se houver quórum, vamos enfrentar o debate. Mas será um longo e tenebroso debate. Todos estão olhando nosso comportamento aqui na Câmara, quem vai votar a favor e quem vai votar contra o governo Temer”, ressaltou.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ) afirmou que mais de 90% da população brasileira reprova o governo Temer e espera que o Congresso “resgate sua dignidade” representando o desejo do povo. “É preciso ressaltar que não há divisão da oposição. Nós nos reunimos duas vezes ontem. Há uma estratégia unificada, que é aguardar que o governo de o quórum. Está definido quem vai falar, portanto estamos organizados e vamos acompanhar o dia inteiro. Não há nada fora do script”, explicou.
Em seu discurso na sessão aberta para votar o arquivamento ou não da denúncia contra Michel Temer, o relator do parecer vencedor na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), defendeu a política econômica do atual governo, como justificativa para manter o presidente no poder.
Segundo ele, nenhuma razão justificaria a autorização para o inquérito. “O país está se levantando da crise. Será este o momento adequado para promover a destituição do presidente da República?”, indagou. “É preciso reconhecer mudanças positivas que o novo governo fez na economia”, disse.
Abi-Ackel ressaltou ainda que o julgamento da Câmara dos Deputados é de “natureza política em sua essência”. “Porém, é normal que o parlamentar leve em conta o valor intrínseco da denúncia”, disse.
Mais cedo, o advogado de Michel Temer, Antônio Mariz de Oliveira, pediu aos deputados que não acatem o pedido para remeter a denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Deem um ano e meio para Temer seguir sua ‘obra magnífica’”, afirmou da tribuna, ao fazer a defesa do presidente e afirmar ter certeza de que a denúncia não será acatada.
O advogado criticou a delação de Joesley Batista e destacou que a gravação da conversa do empresário com o presidente teve “deturpação, enxertos e uma série de vácuos”, por isso questionou a sua legitimidade como prova.
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