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A imortalidade da Obra Euclidiana
Estilo literário – simbolismo – no Brasil. Teve vida efêmera, isto é, iniciou com a publicação do “Missal e Broquéis “, em 1893, de Cruz , e finalizou com “ Os Sertões, de Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha, em 1902: “ O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempenho, a estrutura corretíssima das organizações atletas”.
Com este trecho, deleita-se o leitor com a beleza da linguagem e, sobretudo, com a perspicácia do autor que numa reportagem feita para o jornal O Estado de São Paulo, mais tarde transformada em livro, foi conduzido à Academia Brasileira de Letras( ABL), laureado, assim, seus dotes intelectuais a fim de ser inquilino IMORTAL DA CASA DE MACHADO DE ASSIS.
A obra euclidiana, por sua vez, está seccionada em três partes para melhor ser compreendida e, acima de tudo, mensurado seu valor científico-cultural.
A primeira, – A Terra – mostra um estudo acurado concernente aos aspectos físicos e geográficos do Nordeste. Enfoca o local onde ocorreu a Guerra de Canudos. “As forças governamentais sofreram três derrotas. Em 1897, uma expedição formada por quatro mil homens armados conseguiu matar Antônio Conselheiro e dizimar Canudos”.
Na segunda – O Homem – o autor dedica também estudo sobre o tipo humano da região, enaltecendo a figura de Antônio Conselheiro, o líder da revolução.
N terceira – A Luta – dá-se a narrativa propriamente dita, ou seja, Euclides da Cunha relata o conflito entre jagunços fanáticos envolvendo as quatro expedições militares. O livro finaliza com a derrota dos jagunços e a morte de Antônio Conselheiro.
Euclides da Cunha, por hipótese alguma, pode ser esquecido como escritor. Quando calendário romano atingiu o ano de 2002, sua majestosa obra completou um século de existência. Cem anos de verdades ditas no começo do século XX e, consequentemente, válidas no século XXI. Jamais faltou veracidade naquilo que foi descrito em meio ao conflito contestador da República de Deodoro/Floriano Peixoto inolvidáveis coestaduanos.
Adentrou aos tempos sagrados dos monstros da literatura brasileira e, somente, em 1938, o quebrangulense Graciliano Ramos, com seu “ Vidas Secas” expunha as mazelas dos sertanejos, provando, assim, que o engenheiro- escritor Euclides da Cunha foi o precursor da seca contada em forma de reportagem para chegar aos ouvidos dos noviços republicanos.
Se a Alemanha adora Goethe, se a Inglaterra ama Shakespeare, se a Itália honra Dante Alighiere, se a Espanha chora Garcia Lorca, se a França não esquece Voltaire, se a Argentina reverencia o mestre Jorge Luís Borges, por que os nordestinos vão esquecer o renomado jornalista que, através da sua excelsa inteligência, exaltou a bravura dos sertanejos e, principalmente, sua luta inglória, mas consubstanciada pela coragem cívica arraigada ao homem simples do sertão?
“ É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules – Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gigante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra: a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme, Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas. E se marcha estaca pelo motivo mais vulgar, para enrolar um cigarro, bater o isqueiro, ou travar ligeira conversa com um amigo, cai logo – cai é o termo – de cócoras, atravessando largo tempo numa posição de equilíbrio instável, em que todo o seu corpo fica suspenso pelos dedos grandes dos pés, sentado sobre os calcanhares, com uma simplicidade a um tempo ridícula e adorável”.
Por outro lado, o grande Euclides da Cunha não logrou sucesso na sua vida amorosa. Pelo contrário, foi vítima de um crime passional ocorrido em quinze de de agosto de 1908, falecendo prematuramente, aos 43 anos de profícua existência.
Legou, portanto, à posteridade sua imorredoura obra clássica “ OS SERTÕES “ que, por sua vez, atravessou gerações sem sofrer nenhum tipo de diminuição e, por isso, tornou-se intérprete fiel do sertanejo, quer na aparência ( tabaréu), quer na sua essência ( titã). Deixou marcas indeléveis que a poeira do tempo não conseguirá apagar. Organização: Francis Lawrence.
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