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Palmeira: mesmo com recursos milionários, Hospital Santa Rita está sucateado

12/07/2017
Palmeira: mesmo com recursos milionários, Hospital Santa Rita está sucateado
Macas antigas, com pontos de ferrugem, aguardam os pacientes – que têm dinheiro – em uma sala precária do Santa Rita (Foto: Divulgação)

Macas antigas, com pontos de ferrugem, aguardam os pacientes – que têm dinheiro – em uma sala precária do Santa Rita (Foto: Divulgação)

Em reunião de gestão, que avaliou os primeiros seis meses de administração municipal, a Prefeitura de Palmeira dos Índios apontou como uma das principais metas a serem atingidas até o final deste mês a abertura das portas do Hospital Santa Rita para a população, como também a entrega dos serviços de urgência e emergência.

A próxima reunião acontecerá no dia 2 de agosto, quando essa demanda estará sendo cobrada. Afinal, foi uma das promessas de campanha do prefeito Júlio Cezar, tentando atender à principal reivindicação do palmeirense.

Mantido integralmente pelo governo federal, através do Serviço Único de Saúde (SUS), a unidade hospitalar teria como obrigação atender gratuitamente a comunidade, o que não vem acontecendo. Ao contrário. Qualquer pessoa, se desejar ser atendida naquele Hospital, só terá acesso ao atendimento médico mediante o pagamento mínimo de R$ 90,00. Se não tiver o dinheiro, infelizmente o pretenso paciente não será atendido, independentemente da gravidade da doença.

A esse valor ainda poderão ser agregados outros, a depender da necessidade do que o médico julgar necessário, como soro e gaze, por exemplo, e que, da mesma forma, deveriam ser fornecidos pelo Hospital, que recebe verba federal para a aquisição desse material. O que também não ocorre.

Não são poucos os relatos de pessoas que, depois de serem examinadas pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) – onde o atendimento de extrema emergência é efetivamente gratuito –, são encaminhadas ao Hospital e, de lá, são obrigadas a retornarem, mesmo ainda doentes, às suas casas, já que não dispõe dos famigerados R$ 90,00.

No prédio João Medeiros Neto, a ‘porta de entrada’ de quem necessita de atendimento médico já é assustadora: uma sala à esquerda, em condições precárias, com pisos desprendidos do chão, abriga três macas, com pontos de ferrugem, sendo uma delas coberta com TNT. Sabe-se lá trocado de quantos em quantos pacientes.

Em recente visita a Palmeira dos Índios, o ministro do Turismo, o alagoano Marx Beltrão, foi categórico ao afirmar que não disponibilizaria um centavo sequer ao Santa Rita, enquanto seus gestores insistirem em cobrar indevidamente dos pacientes.

SantaRitamacaferrugem

Relatos dos pacientes são estarrecedores

Os relatos do péssimo atendimento – além da cobrança imoral – são constantes entre os moradores de Palmeira dos Índios e da região, uma vez que o Santa Rita recebe pacientes de vários municípios do Agreste do Sertão.

Mas, para confirmar as queixas, não precisa ir muito longe. Na própria página do Hospital Santa Rita na internet, as acusações são constantes, segundo depoimentos de alguns pacientes:

INDIGNAÇÃO

“Venho, através deste meio, relatar a minha indignação, quanto ao hospital e maternidade Santa Rita da minha cidade Palmeira dos Índios. Ficaria muito feliz que este relato chegasse a um responsável, administrador… Alguém que conseguisse enxergar tamanha falta de responsabilidade, respeito e ética para com os pacientes. Estive recentemente com minha mãe sentindo dores fortes ( crise de vesícula) sendo assistida por uma equipe, que sequer ouvia o relato da minha mãe, um médico, que sequer olhava em você, apenas passava calmante pra minha mãe, falava que ela estava nervosa e que precisaria dormir. Como que uma pessoa com dores fortes consegui dormir ???

O abençoado do médico Dr. Remo Oliveira Cavalcante, foi indagado o por que daquele medicamento (DIAZEPAN) entre outros ainda mais fortes. Porém, com o mesmo sentido, disse que ele era o médico e que não atende ninguém que interfere em seu tratamento, virou as costas e foi embora, sequer conseguiu ouvir a gente.

Não tenho dinheiro, nem conhecimento na área de medicina, porém, sei falar e ouvir com educação. Além do atendimento desse tal médico, o hospital não tem sequer uma campainha para chamar alguém da enfermagem quando se está passando mal. Pedi um lençol, o enfermeiro me vem com um pedaço de TNT. Você só será atendido se tiver convênio ou pagar em tudo que foi usado.

Agora uma tia ficou enferma e a levaram para este mesmo hospital. Depois de alguns exames, foi diagnosticada com problema no coração, após alguns dias, a família foi informada que ela estaria com C.A, para desespero de toda família. Contudo, o mesmo foi negado após 3 dias, quando informaram que esse diagnóstico, seria de um outro  paciente. Como confiar num lugar desses? A que ponto chegamos? Cadê o juramento que um dia foi feito: ajudar a salvar vidas. Lamentável, lastimável. Que outras pessoas possam, assim como eu relatar a insatisfação pelo mal serviço oferecido, pelo hospital. Que os obstáculos, críticas, nos sirvam de degraus para o sucesso, para a melhoria. Pois não somente o pobre precisa de uma assistência médica, ainda mais que este é o único hospital da cidade.

Att. Cristiana Fonsêca ( técnica em ADM)

ABSURDO

“Um absurdo,  pois sendo o único hospital na cidade como fica os menos favorecidos?  Não tem dinheiro para pagar uma consulta,  como fazem?  Ai você vem me falar procura a UBS do bairro,  tudo bem,  procura mas quantas das vezes o paciente vai ao USB  e o “profissional” não comparece. Meus pais residem nessa cidade estou indignada com a situação da saúde neste local.

Claudineia Barbosa

PÉSSIMO

“Atendimento péssimo instalação precária”

Auto e Dicas

DIABÓLICO

“Esse hospital e uma coisa diabólica. Nunca tem médico. Os enfermos têm péssimo tratamento. Quando se tem dinheiro, os exames são feitos rápido. Quando não tem, não fazem porque falam que não tem medico. Quando aparece com dinheiro, o exame é feito rapidinho. Vou denunciar para o Ministério Público e levar o caso à imprensa”.

Quiteria Lima De Andrade

INDIGNAÇÃO

“Ainda indignada demais com o atendimento que meu filho teve no Hospital Regional Santa Rita. Ao chegarmos ao referido hospital, deixei a carteira de meu filho na recepção e pedi que me permitissem entrar com ele, já que o mesmo estava muito debilitado, e que me mandassem o prontuário para ser assinado lá na emergência. Assim foi feito. Só que nãoi verificaram peso, pressão, temperatura de meu filho, as medicações foram administradas pelas informações que eu repassei como mãe que sou. Quando meu filho tomou todas as medicações, soros e que já íamos saindo da emergência, percebi que ele ardia em febre, informei aos enfermeiros que me indagaram da seguinte forma: “Oxe! e a senhora não mandou verificar a temperatura dele não? Eu ri pra não ser desagradável e respondi que aquilo não era obrigação minha, e sim deles. Foi quando puseram o termômetro nele e verificaram que ele estava com nada mais, nada menos, do que 39.8° de febre. Foi quando falaram que eu teria que voltar para a sala de atendimento para que fosse administrada uma DIPIRONA intramuscular, já que com febre ele não sairia da emergência. Agora entendam, se eu não tivesse usado minhas mãos como termômetro para examinar meu filho, o caso tinha se complicado. Fiquei calada por 17 dias buscando uma explicação para isso, e hoje resolvi publicar para os amigos saberem da situação, já que acham que o mau atendimento fica apenas por conta do SUS. E outras pessoas já passaram por situações idênticas, mas ficam no anonimato por medo de serem perseguidas caso venham precisar daquela entidade. Já eu alerto para que: se tentarem prejudicar ou dificultar o meu acesso ou de algum dos meus vai estar fazendo com a pessoa errada, porque eu vou até à Globo e trago pra fazer uma matéria sobre o HRSR. Porque tudo que relatei aqui não tem uma vírgula de mentira. Ainda tenho as provas materiais em mãos. Faço questão de “frisar” que o certo é certo. Nada contra ninguém, apenas reivindicando direitos que temos.

Cristina Barbosa

DUPLICIDADE

Existe uma denúncia ainda mais grave, que chegou à redação da TRIBUNA DO SERTÃO:  a de que foi exigido a alguns pacientes, mesmo com planos de saúde, o número do cartão SUS, o que poderia caracterizar uma cobrança em duplicidade da mesma consulta.

Unidade de transfusão de sangue não passa de figuração

Inaugurada no último mês de maio, com ares de pompa devido à presença maciça de autoridades, a Unidade de Coleta e Transfusão Dr. Wilson Viera Costa tinha como objetivo auxiliar a população, para que não precisasse mais sair do município para fazer doações de sangue ou mesmo uma transfusão sanguínea.  O ‘banco de sangue’ só abriu mesmo no dia da inauguração e, até hoje, os moradores têm, sim, que sair da cidade se pretenderem doar ou mesmo necessitarem de transfusão de sangue.

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