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Que País é esse?
Engaçado, para não dizer trágico, a letra da canção do compositor Renato Russo, integrante da banda “Legião Urbana”, continua atual quando ele afirma: “Que País É Esse? (…) Nas favelas, no senado, sujeira pra todo lado. Ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da nação. Que país é esse? (…) No Amazonas e no Araguaia, ia, ia. Na Baixada Fluminense, no Mato Grosso e nas Gerais e no Nordeste tudo em paz… Na morte eu descanso, mas o sangue anda solto, manchando os papéis, documentos fiéis, ao descanso do patrão. Que País É Esse? (…) Terceiro mundo se for, piada no exterior, mas o Brasil vai ficar rico, vamos faturar um milhão quando vendermos todas as almas dos nossos índios num leilão. (…) Que país é esse?”
Contudo, alguém discorda do artista: “O Brasil vai ficar rico, com todos os políticos na prisão, aí, então, começaremos a estudar o futuro da nação”. Todavia, como é atual e Impressionante esta letra musical de Renato Russo, escrita há mais de 30 anos, onde ele retrata a realidade que o Brasil vive agora e que constata que espécie de político temos hoje. Ora, “Que país é esse?” tem o prisma de Brasília, revelou Renato Russo. Portanto, essa letra musical da linha politizada do ROCK brasileiro ainda é atual porque mantem o mesmo cenário de 1978, onde Renato morava e produzia música em Brasília. Cidade modelo “idealizada” por Juscelino Kubitschek, “construída” por Oscar Niemeyer e “humanizada” por Lúcio Costa, que continua ao longo dos anos formando corruptos no Congresso, nos Ministérios e no Palácio da Alvorada.
Por incrível que pareça, Renato Russo, embora tenha escrito essa letra em 1978, demorou dez anos para gravar em disco, porque, como sonhador que ele era, tinha a esperança de que o Brasil melhorasse e que a canção se desatualizasse, perdendo sua razão de ser. Mas isso não aconteceu e não acontecerá tão cedo, enquanto existirem lideranças políticas como as que temos hoje no Brasil.
Que país é esse? Ainda soa ao nosso ouvido mais atual do que nunca. Verdadeiramente, como disse Renato Russo “ninguém respeita a Constituição”, desde o pobre da favela até o senador em Brasília, que não nos dá bom exemplo de conduta e de ética. Aliás, não havendo respeito à Constituição não há ordem nem há progresso, só existe bagunça e sujeira para todo lado. Todos acreditam que o país pode melhorar, mas ninguém dá o primeiro passo na busca de um futuro promissor. Até o Presidente da República segue na mesma canalhice, aliando-se a ministros, deputados e senadores corruptos.
E o povo decepcionado nada diz, nada faz, permanecendo de braços cruzados, esperando um Milagre no mês de Maio em qualquer parte do território nacional. Em parte do texto da sua melodia, Renato Russo relembra a violência e a guerrilha no Brasil, desde o Amazonas até a Baixada Fluminense. Não precisou revelar os crimes existentes, mas indicou as regiões vítimas do descaso do Poder Público.
E encerra o sonhador com o seu sonho de que só é possível descansar desse pesadelo após a morte, uma vez que as autoridades públicas que poderiam fazer alguma coisa, simplesmente ignoram, fazem vista grossa diante do sofrimento do povo e da indignação da nação.
Por fim, faço minhas às palavras do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, acerca de que “é preciso saber com maior exatidão os fatos que afetaram tão profundamente nosso sistema político e causaram tanta revolta” (…) “E pressa, sobretudo, para restabelecer a moralidade nas instituições e na conduta dos homens públicos”. Confessa FHC que “a solução para a grave crise atual deve dar-se no absoluto respeito à Constituição.
É preciso saber com maior exatidão os fatos que afetaram tão profundamente nosso sistema político e causaram tanta indignação e decepção. É preciso dar publicidade às gravações e ao fundamento das acusações. Os atingidos por elas têm o dever de se explicar e oferecer à opinião pública suas versões. Se as alegações de defesa não forem convincentes, e não basta argumentar são necessárias evidências, os implicados terão o dever moral de facilitar a solução, ainda que com gestos de renúncia.
O país tem pressa. Não para salvar alguém ou estancar investigações. Pressa para ver na prática medidas econômico-sociais que deem segurança, emprego e tranquilidade aos brasileiros. E pressa, sobretudo, para restabelecer a moralidade nas instituições e na conduta dos homens públicos”… Pensamos nisso! Por hoje é só.
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