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A força da prece

09/11/2016
A força da prece

A Prece sempre fez parte das tradições e das práticas religiosas no mundo inteiro, desde os primórdios da civilização até os dias de hoje. A Oração nasceu com o alvorecer dos tempos. Os místicos cristãos consideram a Prece um fenômeno absolutamente necessário à elevação espiritual da alma humana.

Eles são convictos que a Oração tem o poder de atrais os influxos Divinos para a terra e de instaurar no Ser Humano a natureza de Deus, reconstruindo o Templo do Verdadeiro Amor no coração da criatura humana. Homens imortais como Zoroastro, Confúcio, Buda, Moisés e Buda, entre outros, faziam preces meditativas na busca do encontro espiritual com a Divindade Celeste. Eles perceberam, ainda cedo, que a Prece recitada com emoção e fervor tem a força de conceber graças e de transmitir sabedoria.

Na Oração, simultaneamente, pode-se articular a confissão, a gratidão ou a intercessão. O Ser Humano ao recitar a Prece se coloca à disposição do Criador, com plena convicção de que é parte da natureza Divina e, como tal, pode ser ouvido por Deus e pode receber resposta d’Ele, a qualquer momento e em qualquer lugar, desde que sua alma esteja contrita e em ressonância com o Amor à Divindade. Essa experiência foi vivida por Marthe Robin (1902–1981), mística católica que viveu na França. Disse ela em confissão: “… hoje pela manhã, após a comunhão, o êxtase bruscamente me arrebatou.

Senti a união mística de minha alma com Deus. Impossível descrever o que compreendi, repetir as comunicações que recebi, explicar as luzes que Deus me deu sobre Sua obra nesse momento… Ouvi em mim uma voz que me pressionou a buscar, ou melhor, a dar o Amor Divino. E essa voz era a voz do próprio Amor. Meu coração, num célere ímpeto, voou para Deus. Ele se sentiu elevado, depois despojado de tudo e finalmente entregue aos braços de Deus, onde vive sem jamais sair de já”.

Mas, para alcançar o “arrebatamento” é preciso que a Prece seja recitada por alguém com a alma bondosa e justa. A presença de Deus no interior do ser humano depende do que se pede a Ele e das ações que praticamos em seu Nome. De acordo com Charles Mopsik (1956–2003), pensador francês que renovou o estudo da Cabala e do misticismo judaico: “A ajuda que Deus pede ao ser humano é que ele se associe à Sua obra e ore em Seu favor”.

Também Angèle de Foligno (1248 –1309), mística e religiosa da Ordem Terceira de São Francisco, que viveu profundamente mergulhada na Oração, exorta a força da Prece: “orai, orai, assiduamente! Quanto mais orardes, mais sereis iluminados”. E disse mais: “Uma Oração devotada, pura, humilde, forte, profunda e assídua. E não falo somente da prece vocal; falo da prece mental, da prece que parte do coração e de todas as potências da alma reunidas”.

Aliás, segundo Ralph Waldo Emerson (1803–1882), filósofo, escritor, poeta e pastor religioso estadunidense a Prece poderá ser ouvida e atendida: “Nenhum homem jamais orou sem aprender alguma coisa”.Aliás, toda prece é sempre seguida de resultado, desde que seja feita na forma e condição adequadas. Porém, não sejamos ingênuos, o atendimento às nossas preces não depende da nossa única vontade e do nosso vasto entendimento, quando esse desejo se opõe à vontade d’Ele. O direito de pedir nos cabe, mas o direito de ser atendido caberá a Deus.

Por isso, John Stephen Piper (70 anos), pregador batista calvinista, adverte: “Orar com fé não significa que tudo o que pedimos acontecerá. Significa que confiamos que Deus nos escutará e ajudará da melhor forma”.

Por fim, não podemos omitir Santo Agostinho (354–430), bispo africano: “A oração é o encontro da sede de Deus e da sede do homem… Teu desejo é a tua oração; se o desejo é contínuo, também a oração é contínua. Não foi em vão que o Apóstolo disse: Orai sem cessar. Ainda que faças qualquer coisa, se desejas aquele repouso do Sábado eterno, não cesses de orar. Se não queres cessar de orar, não cesses de desejar”.

Ensina-nos Chico Xavier (1910–2002): “No mínimo, a Prece nos pacifica para que encontremos por nós mesmos, a saída para a dificuldade que estejamos enfrentando”. E a escritora Clarice Lispector (1920–1977) esclarece: “Eu peço a Deus tudo o que eu quero e preciso. É o que me cabe. Eu não tenho o poder. Tenho a prece”. A Prece ilumina a mente, esquenta o coração, alimenta a fé e fortalece a esperança.

Quando se Ora, a existência se fertiliza, renova-se as energias e a alma respira, expelindo uma força de equilíbrio no corpo. Neste instante, o Ser Orante sentirá harmonia e paz profunda, não restando dúvida de que a sua prece foi ouvida… Pensemos nisso! Por hoje é só.