Política

Disputa acirrada em Maceió: Rui Palmeira ainda duela contra Almeida e JHC

01/10/2016
Disputa acirrada em Maceió: Rui Palmeira ainda duela contra Almeida e JHC

A campanha política em Alagoas, este ano, está com uma disputa acirradíssima entre os principais candidatos às prefeituras dos municípios. Na véspera do dia votação, que acontece no domingo (2), traçamos um perfil dos maiores concorrentes de Maceió. Na eleição da capital  Rui Palmeira mostra vantagem em pesquisas divulgadas, mas Cícero Almeida e JHC estão no encalço do atual prefeito.

Rui Palmeira

Rui Palmeira

Em Maceió, Rui Soares Palmeira, o Rui Palmeira (PSDB), tenta este ano a reeleição para a prefeitura de Maceió. Ele nasceu no dia 13 de setembro de 1976, é advogado, casado, pai de duas filhas, e tem vários parentes políticos na família, como o avô paterno Rui Soares Palmeira, que foi eleito deputado federal constituinte de 1946 e senador, o pai Guilherme, prefeito de Maceió, deputado estadual, governador, senador e ministro do Tribunal de contas da União, além do tio Vladimir Palmeira, que foi deputado federal no Rio de Janeiro.

Rui Palmeira começou logo cedo na política como candidato a deputado estadual em 2006. Com a Assembleia Legislativa em crise, em 2007, Rui tornou-se um dos maiores críticos dos parlamentares envolvidos no escândalo da ‘OperaçãoTaturana’, da Polícia Federal, que teria desviado R$ 302 milhões nos cofres do Legislativo. Em 2010, foi candidato a deputado federal , virou vice-líder do PSDB e se destacou pelas críticas à lentidão das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Em fevereiro de 2011 foi o parlamentar alagoano mais jovem na história da Câmara dos Deputados. No primeiro ano de mandato, ocupou as posições de vice-líder nacional do PSDB e de vice-líder da minoria (oposição). Integrou a Comissão de Finanças e Tributação e a Comissão de Turismo e Desporto, sendo também vice-presidente da Subcomissão Permanente das Micro e Pequenas Empresas e membro da Comissão que analisou a proposta do novo Código de Processo Civil.

Na Câmara, foi autor de proposições legislativas como os requerimentos com cobrança por mais agilidade nas obras de duplicação do trecho alagoano da BR 101 e por fornecimento de energia elétrica com mais qualidade aos alagoanos por meio da Eletrobras Alagoas, antiga Ceal, fato que se desdobrou em abertura de investigação da empresa por parte do Tribunal de Contas da União (TCU). Defendeu as reformas Tributária e Política, em prol da desoneração do setor produtivo e do aperfeiçoamento do sistema político brasileiro, assim como também cobrou mais investimentos em Alagoas por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.

Em Maceió, em 2012, Rui Palmeira é candidato a prefeito pelo PSDB. Ele saiu vitorioso com 57,41% dos votos válidos, aproximadamente 45% a mais do que o segundo colocado, Jurandir Boia. No seu primeiro ano de administração, em 2013, enfrentou a dificuldade em relação aos cinco meses em que o Executivo teve que atuar com 1/12 do orçamento de 2012, devido ao atraso da votação da Lei Orçamentária Anual (LOA).

Em 2013 e 2014, a situação financeira dos municípios se agravou e Rui Palmeira reduziu os salários de secretários e superintendentes municipais, e o dele próprio, além de cargos de comissão em símbolo DA-6, em 30%, 20% e 10%, respectivamente e o corte de servidores comissionados. Em 2014, executou o aumento do piso salarial dos professores acima da meta estabelecida pelo Ministério da Educação, e realizou medidas inéditas no trânsito da capital, como a implantação da Faixa Azul na Avenida Fernandes Lima, uma das principais vias da cidade, gerando polêmica cultural e estranhamento por parte de motoristas de carros maceioenses.

Cícero Almeida

Cícero Almeida

O maior concorrente de Rui Palmeira é José Cícero Soares de Almeida, o Cícero Almeida. Ele nasceu em Maribondo no dia 8 de janeiro de 1958, é radialista, cantor, ex-prefeito de Maceió e atualmente Deputado Federal pelo Estado de Alagoas. Ele foi eleito em 2014 pelo PRTB mas hoje está filiado ao PMDB. Licenciou-se do cargo a partir de 25 de maio de 2016 pelo período de 122 dias, sendo 2 dias para tratamento de saúde e outros 120 por interesse particular, para cuidar de sua campanha à prefeitura de Maceió.

É um dos condenados no chamado Escândalo das Taturanas. Também foi condenado por irregularidades no contrato do Carnaval de 2008 em Maceió e é réu no Supremo Tribunal Federal por envolvimento na Máfia do Lixo de Maceió. Todos estes casos dizem respeito aos seus dois mandatos como prefeito da capital alagoana, entre 2005 e 2012.

Cícero Almeida atuou como repórter policial em diversas rádios e na TV Alagoas antes de ingressar na política. Seu primeiro cargo foi o de vereador em Maceió, para o qual foi eleito em 2000 pelo PSL. No pleito de 2002, já pelo PDT, foi eleito Deputado Estadual. Pelo mesmo partido, foi eleito prefeito de Maceió em 2004, apoiado pelo empresário sucroalcooleiro João Lyra, na época deputado federal pelo PTB, derrotando, em segundo turno, o candidato do PSB Alberto Sextafeira, apoiado pelo então governador Ronaldo Lessa e pela prefeita Kátia Born.

Após a vitória saiu do PDT por conflitos com o então presidente estadual do partido, Geraldo Sampaio, ingressando no PTB, partido de João Lyra. Porém, pouco depois, mudou-se para o PP, pelo qual foi reeleito em 2008 já em primeiro turno, com 81,5% dos votos válidos, o maior percentual entre os candidatos nas capitais do Brasil. Posteriormente filiou-se ao PEN, depois ao PSD e, por fim, ao PRTB, pelo qual foi eleito deputado federal em 2014. Filiou-se novamente ao PSD em 2015e, finalmente, ao PMDB em 2016.

Almeida é um dos condenados da chamada Operação Taturana. Ele foi envolvido na parte que investiga empréstimos irregulares contraídos junto ao Banco Rural, do mesmo modo que Arthur Lira (na época deputado estadual, hoje deputado federal), Manoel Gomes de Barros Filho, Paulo Fernando dos Santos, o Paulão do PT (também ex-deputado Estadual e hoje federal), Maria José Pereira Viana (ex-deputada estadual),Celso Luiz Brandão (à época Presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas), João Beltrão (ainda hoje deputado estadual) e José Adalberto Cavalcante Silva (outro ex-deputado). Todos tiveram seus direitos políticos suspensos e ficaram proibidos de contratar com o poder público por dez anos, além da perda de quaisquer funções públicas e ao pagamento de multa civil no mesmo valor do empréstimo contratado, mas recorreram das sentenças.

Acusações

Cícero Almeida é réu na Ação penal nº 956/2015, que investiga a chamada Máfia do Lixo de Maceió, um esquema de favorecimento a empresas de coleta do lixo por parte de Almeida quando prefeito entre 2005 e 2012. Ele também foi condenado por improbidade administrativa devido a irregularidade constatada no convênio celebrado para realização do Carnaval de 2008 em Maceió. A Justiça determinou perda da função pública, suspensão dos direitos políticos por cinco anos e proibição de contratar com o poder público. No entanto ele recorreu da sentença.

JHC

JHC

João Henrique Holanda Caldas, por vezes conhecido pelo acrônimo JHC, nasceu em Maceió no dia 22 de julho de 1987. Atualmente é deputado federal pelo estado de Alagoas e foi o candidato mais votado no estado nas eleições de 2014. Este ano, ele disputa com Almeida e Palmeira a preferência pela prefeitura de Maceió.
JHC é filho do ex-deputado João Caldas, denunciado e inocentado pela Justiça Federal no chamado Escândalo das Sanguessugas, também conhecido como caso da Máfia das Ambulâncias. Cursou Direito e fez pós-graduação em Direito Digital e Compliance. Fez intercâmbio de inglês e negócios na Australian Pacific College, sofrendo influência cultural daquele país.
Tendo ingressado na Assembleia Legislativa de Alagoas com apenas 23 anos, desde que assumiu o mandato JHC demonstrou postura independente ao Governo do Estado, que tinha como governador Teotônio Vilela Filho (PSDB).

Em 2009, anunciou sua filiação ao PTN, visando as eleições do ano seguinte. Em 2010 foi eleito Deputado Estadual. Deixou o PTN em 2013, quando ingressou no recém-criado Solidariedade (SD), partido que presidiu no estado. Nas eleições de 2014, foi eleito sendo o candidato mais votado no estado para o cargo na Câmara dos Deputados.

Como Deputado Federal, foi um dos fundadores da chamada Frente Parlamentar pela Internet Livre e Sem Limites, quem tem por objetivo criar um espaço de discussão com os dirigentes das operadoras de telefonia, sindicatos, agências reguladoras, órgãos de proteção ao consumidor, Conselho Administrativo de Defesa Econômica e conselho federal da Ordem dos Advogados do Brasil, com relação à telefonia fixa e móvel e o uso e funcionamento da Internet no Brasil.

Em novembro de 2015 anunciou sua saída do Solidariedade e o ingresso no Partido Socialista Brasileiro (PSB), visando as eleições para o executivo de Maceió no ano seguinte. Em maio desse ano, a presidente do diretório estadual do PSB em Alagoas, Kátia Born, declarou que o deputado JHC seria lançado como candidato do partido a prefeito de Maceió. Em 5 de agosto de 2016, JHC lançou oficialmente sua candidatura à prefeitura, sob a plataforma de dar voz à nova política.

Enriquecimento ilícito

Ainda em 2016, o jornalista Chico de Gois, do jornal O Globo, lançou um livro chamado “Os Ben$ que os Políticos Fazem”, que atinge diretamente o deputado JHC e seu pai. No livro o jornalista denuncia o suposto enriquecimento ilícito de João Henrique e fala sobre o envolvimento de João Caldas no Escândalo das Sanguessugas, caso em que foi inocentado pela Justiça Federal. Além disso, mostra que pai e filho são detentores de concessões de emissoras de rádio em Alagoas. Denuncia, ainda, que João Caldas e sua esposa Eudócia detinham cargos na Assembleia Legislativa de Alagoas, embora morassem em Brasília, com salários variando em torno de 9 mil reais. O livro traz 10 casos de políticos brasileiros que enriqueceram durante o exercício do mandato. Entre eles, também levanta o enriquecimento de três filhos de políticos que, apesar de jovens, têm uma fortuna maior do que a de seus pais, que estão há anos na política. Além de JHC, são citados Arthur Lira e Wilson Filho.

O deputado JHC tornou-se alvo de três processos pedindo a cassação de seu mandato por infidelidade partidária, após ter trocado o Solidariedade pelo PSB antes da abertura da chamada “Janela Partidária”.

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