Artigos

A árvore da democracia

05/09/2016
A árvore da democracia

São raras as oportunidades em que podemos vivenciar a história. Na última quarta-feira (31), o Senado fez história de maneira democrática, transparente e equilibrada. Por 61 votos a 20, foi aprovado o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Em outra votação, por 42 votos contra 36 e três abstenções, ela manteve os direitos políticos.

Trata-se de um processo que deixou lições para todos, para sempre. Por isso, como presidente do Senado, optei por dialogar com o tempo e não com as paixões do momento. Me pautei pela isenção, paciência e imparcialidade, respeitando todos os ritos democráticos, entre eles o sagrado direito de defesa.

A democracia é o melhor regime porque se admite falível. E por se aceitar imperfeita, ela está permanentemente aberta a correções e aperfeiçoamentos. A história nos julgará, mas a única certeza é a de que não nos omitimos.

É imperioso parabenizar todos os senadores que demonstraram à Nação o que a política tem de mais elevado. Foi praticada a política à luz do dia, com o calor dos debates, com confronto de ideias, com a ênfase das grandes paixões.

Não se tratou de uma mera sessão em busca de determinado quorum. A simbologia, muito mais forte, foi a comunhão da unanimidade dos três Poderes, atuando em harmonia ao julgar o chefe do Executivo. O comando do presidente do Supremo Tribunal Federal foi sempre sereno e firme.

Percorremos uma estrada pavimentada na legitimidade e muito bem sinalizada pela Constituição. Questionamentos sempre existirão. Mas a culpa não será da rota, não será da Constituição, nem da democracia.

A árvore deste processo não irá gerar um fruto podre. Essa árvore, em todos os seus ramos, em todos os seus galhos, em todas as suas folhas, ostenta a seiva da democracia.