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A fábrica da Pedra
É realmente alarmante a notícia sobre a fábrica da Pedra, em Delmiro Gouveia. A direção da fábrica investiu mais de quarenta milhões de reais em máquinas modernas, para ter condições de competir no mercado.
Consta que o empréstimo foi aprovado, mas não chegou a ser executado, sob a alegação de que os responsáveis não liberam o aludido empréstimo. Diante disso, foi cortado o fornecimento de energia. E a fabrica parou.
Tenta a direção da fábrica negociar com a Eletrobrás para que a dívida seja paga parceladamente, uma vez que a direção da indústria tem como meta manter em dia pagamento dos empregados. Mas até aqui nada conseguiu. Convém ressaltar que a fábrica tem mais de 500 empregados diretos e mais de 600 indiretos. Diante do impasse, a empresa deu aos operários férias coletivas.
É certo que o diretor-executivo, diante da perplexidade e angústia dos operários, garantiu que a fábrica não cerrará suas portas. Não se deve, porém, esperar que os operários que se julgavam bem estabilizados, em seu trabalho, estão vivendo na sombra e com água fresca.
A cidade de Delmiro Gouveia chamava-se Pedra, por conta da grande quantidade de pedras. Parecia ser lugar inóspito, mas hoje é a cidade – polo do sertão.
A fábrica remonta aos idos de 1912, quando o cidadão Delmiro Gouveia ouviu o barulho das máquinas da fábrica da Pedra pela primeira vez.
Vamos lembrar que a Pedra teve ainda uma moderna fábrica de linhas, quando, já no primeiro ano de funcionamento, empregou 800 operários, todos com carteira assinada e trabalhavam 8 horas por dia.
Após a morte de Delmiro, a fábrica de linhas foi comprada e aconteceu que foram vistas pessoas com um grupo de várias ferramentas. Essas pessoas foram do Recife até o porto de Piaçabuçu. Daí subiram o rio São Francisco até Piranhas e de trem foram até o distrito de Pedra. A ordem dos compradores era esta: destruir completamente a fábrica de linhas.
Assim aconteceu. As peças da fábrica foram jogadas no rio São Francisco. O cidadão Delmiro tinha em mente, dentre outras coisas, extrair celulose da cana – de – açúcar para produção de papel. Eis que, antes de transformar o sonho em realidade, aconteceu a grande tragédia.
Como lembra o jornalista Mário Morais, no dia 19 de outubro de 1917, Delmiro estava sentado no alpendre de sua casa, próxima à fábrica, lendo tranquilamente os jornais, quando o silêncio foi rompido pelo estampido de três tiros. Delmiro caiu agarrado na cadeira onde estava sentado, gritando em desespero: “Mataram-me! Quem foi o cabra que atirou?”
A verdade é que o comércio de Delmiro Gouveia já está sofrendo, pois os fregueses sem dinheiro não podem comprar. As casas comerciais sem compradores estão fadadas a cerrar suas portas.
Convém lembrar que a direção da fábrica quer pagar a energia. Deseja apenas parcelar o pagamento para não deixar os operários sem o seu salário. Espera-se, portanto, que haja justo acordo e voltem a funcionar as máquinas da fábrica da Pedra, para o bem de todos e felicidade geral da comunidade delmirense.
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