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Demanda por coco dispara e preço do óleo sobe 20%

13/04/2016
Demanda por coco dispara e preço do óleo sobe 20%
(Foto: © Reuters/Antara)

(Foto: © Reuters/Antara)

Os preços do óleo de coco subiram cerca de 20% em um mês, em grande parte devido à crescente popularidade de produtos como água de coco.

Nos supermercados, os cocos estão sendo vendidos em latas e embalagens longa vida. O açúcar de coco vem sendo apresentado como mais saudável para a diabetes. E a atriz americana Gwyneth Paltrow está entre as celebridades fãs de coco, revelando que usa óleo de coco virgem para a saúde bucal e o clareamento dos dentes.

Esses produtos que vêm tendo maior demanda são feitos a partir do coco jovem verde, coco fresco e flores das árvores. Como consequência, sobra menos coco seco — a copra, a polpa seca do coco — para ser transformada no óleo convencional que é utilizado amplamente, em produtos que vão desde detergente para lavar pratos até remédios.

O resultado tem sido um salto nos preços desde fevereiro, para uma média em março de US$ 1.448 a tonelada, de acordo com dados do Banco Mundial divulgados recentemente. O valor supera em mais de 50% o preço médio de 2013.

E o interesse por esses produtos especiais a base de coco só tende a crescer.

O consumo global de água de coco aumentou 13% entre 2014 e 2015, seguindo um salto de 24% no ano anterior, de acordo com dados da firma de pesquisa especializada em bebidas Canadean.

Essa tendência vem sendo sentida em toda a indústria de coco, indicando que os preços do óleo convencional não devem cair significativamente no futuro próximo, dizem analistas.

Produtores nas Filipinas, maior produtor mundial de óleo de coco, por exemplo, estão cada vez mais recebendo pedidos para colher o coco mais cedo, já que os intermediários buscam os preços mais altos que vêm sendo oferecidos pelo fruto novo.

Nas Filipinas, as exportações de água de coco mais que dobraram, para 66,3 milhões de litros, e as de óleo virgem de coco subiram 61%, para 34.227 toneladas entre janeiro e novembro do ano passado, de acordo com os dados mais recentes disponíveis da União das Associações de Coco das Filipinas.

No mesmo período, as exportações de copra e óleo de coco caíram ligeiramente, e a entidade prevê que elas vão recuar este ano mais 6,9%, para 2,1 milhões de toneladas, em relação ao ano passado.

“O aumento nos custos de produção reduziu as margens e os participantes do mercado naturalmente migraram para os produtos [de coco] com margens maiores”, diz Maduka Perera, proprietário da Ceylon Tropics, uma empresa de coco do Sri Lanka.

No Brasil, a tendência se repete. As exportações de água coco no ano passado somaram cerca de US$ 1 bilhão e vêm crescendo a um ritmo de aproximadamente 15% ao ano, segundo Francisco Porto, presidente do Sindicato Nacional dos Produtores de Coco. “Estimamos que 40% da produção de água de coco sejam exportados, principalmente para os Estados Unidos e a Europa”, diz ele.

A pressão no mercado de óleo de coco deve continuar.

As Filipinas ainda estão se recuperando do tufão Haiyan, que atingiu o país em 2013 e destruiu 44 milhões de palmeiras de coco — cerca de 15% das árvores. Vai demorar pelo menos até o próximo ano para as novas árvores darem frutos.

E a Indonésia, maior produtora de coco do mundo, não adotou um programa para substituir velhos coqueiros que, devido à idade, estão gerando menos frutos. Em vez disso, o governo está concentrando esforços para ampliar a produção de arroz, milho e soja.

Segundo analistas, os fabricantes não tendem a correr atrás de substitutos para o óleo de coco. Isso porque a substituição por meio de álcoois graxos baseados em petróleo, por exemplo, pode corromper fórmulas de produtos e ameaçar a imagem de itens apresentados como ambientalmente amigáveis. Já o óleo de palmiste, que é produzido a partir da semente do óleo de palma, deve ter um impulso.

James Fry, presidente do conselho da firma britânica de investimentos especializada em agronegócio LMC International Ltd., vê um certo alívio ocorrendo no quarto trimestre deste ano, quando tiverem passado os efeitos do El Niño, que este ano foram os mais severos desde 1997-1998.

O El Niño reduziu este ano as chuvas no sul e no sudeste da Ásia, o que fez com que os coqueiros gerassem menos frutos.

O efeito El Niño ocorre quando os ventos no Pacífico equatorial desaceleram ou mudam de direção. Isso faz com que a temperatura das águas fique mais quente em uma vasta área, o que por sua vez pode causar mudanças no tempo no mundo todo.

A PT Cargill Indonesia, que transforma a copra em óleo, afirmou que o abastecimento de copra foi o pior em 16 ou 17 anos, em grande parte devido à alta demanda por cocos inteiros. Segundo Satria Wardaja, gerente de comunicações da Cargill, a empresa está passando por um período difícil para obter copra.