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Os primórdios da Igreja

08/04/2016
Os primórdios da Igreja

Um dia veio um homem à Terra, reuniu em torno de si um punhado de homens. Muitos eram pescadores e todos eram pecadores. Todos, porém, cheios de boa vontade. Um, apenas, não soube vencer a ambição pelo vil metal.

Este homem é o Cristo que veio dizer que todos os mandamentos resumem-se em dois: Amar a Deus e amar o próximo. O homem de que se fala é Jesus. Faz poucos dias que a Igreja lembrou, na sua liturgia, a entrada de Jesus em Jerusalém no chamado Domingo de Ramos. Acompanhado de grande número de pessoas, entre aplausos, entrou em Jerusalém montado em um jumentinho.

Na verdade os altivos cavalos eram pertenças dos grandes e potentados. O jumento era o meio de transporte dos pobres. E Jesus quis participar da pobreza entre os pobres.

Poucos dias depois, houve a Ceia Pascal, quando Jesus a celebrou com seus discípulos. Os apóstolos, sem saberem que uma nova Ceia (a instituição da Eucaristia) seria anunciada.

Por fim veio a ressurreição de Jesus, como coroamento dos seus ensinamentos, na sua caminhada entre os homens. O medo dos discípulos transforma-se em alegria. Jesus, por sua vez, realiza suas promessas, enviando o Espírito Santo sobre os apóstolos.

John Donne disse certa feita: “Homem algum é uma ilha completo em si; cada homem é uma parte do continente, uma parte do todo”. Por isso, todos sentimos a ausência dos entes queridos, porque não deixa de ser um pedaço de nós que se foi.

Que dizer dos que recebem o corpo inanimado de um familiar querido, vítima da violência de quem se julga com direito de apagar a chama da vida de seu semelhante? Não se pode aquilatar a dor que dilacera o coração dos parentes e amigos da vítima.

Esse tipo de violência não é exclusivo dos grandes centros urbanos. Não é difícil encontrar uma cidade, mesmo pequena, com lares sofridos e enlutados, cujos moradores sofrem com a morte de familiares. E a lembrança sofrida pelo ente querido jamais se apagará. Os sinos dobram (ou dobravam) não só pelos que se foram, mas pelos que ficaram com sua dor e sua saudade. A brutal violência acontece porque muitos não vivem a lição do Amor, ensinada pelo Divino Mestre.

A Igreja que Cristo instituiu, com a riqueza do Amor, continua a existir. Muitos lhe são hostis, mas seus seguidores continuam a existir. Após a ressurreição veio o Pentecostes para robustecer os seguidores do Mestre.

Surge Nero, sombrio matricida, perseguindo os seguidores de Cristo. Pedro, o 1º Papa, foi crucificado como seu Mestre, Paulo, o campeão do Evangelho, foi degolado. A lei do extermínio continua a subsistir. Contudo a Igreja, mergulhada no próprio sangue, surge mais forte e mais numerosa.

Para responder à lei do extermínio, Cristo criara uma raça inextinguível que se multiplica aos golpes dos carrascos. Tertuliano chegou a dizer: “O sangue dos mártires é semente dos cristãos”.

Santo Agostinho, refletindo sobre as perseguições, chegou a apresentar este dilema: “A Igreja propaga-se com milagre ou sem milagre. Se com milagre é divina; se sem milagre é divina. Porque é um grande milagre propagar-se sem milagre”. E mais uma vez é Páscoa, quando se acentuam os últimos passos de Cristo, no chão dos homens, até a sua ressurreição gloriosa.