Política

O que dizem João Santana e Monica sobre as suspeitas da Lava Jato

26/02/2016
O que dizem João Santana e Monica sobre as suspeitas da Lava Jato
Monica Moura e João Santana durante sua chegada à São Paulo na terça (23) (Foto: STR/AFP)

Monica Moura e João Santana durante sua chegada à São Paulo na terça (23) (Foto: STR/AFP)

 

Presos desde terça-feira em nova fase da Operação Lava Jato, o marqueteiro João Santana e a mulher dele, Monica Moura, são suspeitos de terem recebido dinheiro no esquema do esquema de corrupção na Petrobras em uma conta secreta no exterior, segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.

Para os investigadores, os valores seriam pagamento de serviços eleitorais ao PT. João Santana trabalhou para vários candidatos do partido, incluindo as duas campanhas da presidente Dilma Rousseff e a que reelegeu Luiz Inácio Lula da Silva em 2006.

Em Curitiba, Monica prestou depoimento à PF nesta quarta (24), e João Santana falou nesta quinta. Veja o que cada um disse sobre os principais pontos levantados na investigação:

CONTA NA SUÍÇA
A PF suspeita que João Santana recebeu US$ 7,5 milhões de dinheiro desviado da Petrobras em uma conta na Suíça, aberta em nome da empresa Shellbill Finance S.A. A conta não foi declarada à Receita Federal, segundo o MPF.

O que diz João Santana: confirma a existência da conta, aberta em 1998 para receber por um trabalho realizado na Argentina. Afirmou que não sabia que precisava fazer a declaração à Receita Feederal, pois todo o dinheiro recebido na conta é de pagamentos por campanhas que trabalhou no exterior.

Disse que é Monica quem movimenta a conta na Suíça e que não saberia esclarecer a origem dos valores que ingressaram na conta, que é uma “poupança” para sua aposentadoria. Assinou uma autorização para “acesso integral a todos os dados da conta”.

O que diz Monica: disse que a maior movimentação da conta se deu a partir de 2011 e que aguardava a promulgação de lei de repatriação de valores para regularizar a manutenção da Shellbill. Em depoimento, deu detalhes de como negociou pagamentos para o recebimento de trabalhos feitos no exterior. (veja abaixo)

Disse ainda que, dos pagamentos que partiram da conta na Suíça, vários se deram para custear despesas com a atividade do casal, como compra e aluguel de equipamentos.

ZWI SKORNICKI
Dos US$ 7,5 milhões recebidos na conta de João Santana, US$ 4,5 foram repassados pelo engenheiro Zwi Skornicki, segundo as investigações. Ele é apontado como um operador do esquema de corrupção na Petrobras. Uma carta de Monica endereçada a Skornicki motivou a 23ª fase da Lava Jato.

O que diz João Santana: negou em depoimento conhecer Skornicki e disse que não sabia que a conta Shellbill havia recebido dinheiro do engenheiro. Afirmou ainda que não soube, à época, da carta de Monica para Skornicki. Negou que esses pagamentos tenham relação com serviços prestados no Brasil.

O que diz Monica: o pagamento feito por Skornicki era referente à campanha do presidente José Eduardo dos Santos, em Angola, no total de US$ 50 milhões – dos quais US$ 20 milhões seriam pagos por “contrato de gaveta, não contabilizado”. Disse que ele foi indicado pela mulher responsável da área financeira da campanha e que acredita que Skornicki fez o pagamento por ter interesse em negócios no país.

Confirmou que enviou o bilhete a Skornicki, mas disse que nunca se preocupou sobre qual seria a atuação dele. Monica também negou que tenha apagado o nome da empresa que aparecia no modelo do contrato enviado ao engenheiro por saber que o dinheiro tinha origem ilícita, mas sim para não expor a empresa Klienfeld a Skornicki.