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Telúrico inveterado
Djalma de Melo Carvalho, natural de Santana do Ipanema, sócio efetivo da Associação Alagoana de Imprensa (AAI), estreou na seara literária utilizando a mesma temática, ou seja, Festa de Santana (1977), Caminhada (1994), Chuviscos de Prata (2000), Chuvas Passageiras (2003), Águas do Gravatá (2005), Chuva no Telhado (2007), Ventos e Trovoadas (2009), Águas que se foram (2011), Chuva Miúda ( 2014), e, agora, traz à tona Mormaço, Calor e Chuva (2015).
A bem da verdade, a maioria dos seus livros versam sobre crônicas e, portanto, servem de memória para que o escritor narre histórias de conterrâneos, amigos do Banco do Brasil e, principalmente, a saudade do tempo que se passou e não volta mais.
Dir-se-ia que escrever é uma arte. Feita como amor d ‘alma que engrandece que escreve e, ao mesmo tempo, quem se deleita com a leitura. E, portanto, o seu estilo coloquial agrada à legião de amigos/admiradores. Conheço-o há bastante tempo. Educado, altamente sociável e, por isso, a sua amizade permanece inalterada pelo seu jeito de viver.
Desta feita, não alterou a forma de narrar os episódios vividos no seu tempo. Diga-se, de passagem, as quarenta crônicas que fazem parte da sua novel obra literária. Ou seja, seguiu à sua imaginação interiorana. Por essas razões, solicitou que o presidente da Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes, José Malta Fontes Neto, fizesse o Prefácio do livro em epígrafe.
“ Não posso deixar de comentar o que escreveu sobre a Santana querida. O cronista não esquece a sua origem e faz com que a terra de Sant ‘Ana e São Joaquim e suas particularidades como a Rainha do Sertão sejam lembradas em várias crônicas. Deixo ao leitor a ideia de que, lendo os quarenta textos que fazem parte desta obra, fará uma viagem no tempo, na história, nas brincadeiras e na poesia em forma de crônicas que só o nosso querido Djalma de Melo Carvalho consegue fazer, rogando a Deus e a nossa Padroeira para que outras obras venham nos próximos anos”.
Por outro lado, estreia na poesia intitulada Itajubá, a Mantiqueira.” Ah! Itajubá romântica e feliz/ Dá alegria ao poeta-aprendiz/ Contemplar a serra da Mantiqueira/ Seus picos, suas escarpas, altaneira./ Cortina crepuscular , a Mantiqueira./ Logo estará desperta a cidade inteira./ Dourados raios de luz, o clarão matinal / Sereno amanhecer, a mansidão divinal”.
É, por excelência, um escritor genuinamente alagoano. Não se utiliza de rodeios literários. Muito pelo contrário, escreve de forma simples que um menino de dez anos consegue entender o que ele escreve.
Por exemplo, “ Faz alguns anos que assisti a um interessante encontro de poetas populares e violeiros repentistas no Teatro Deodoro. Aqui em Maceió. Não me recordo da data de sua realização. Talvez tenha sido uns vinte ou trinta anos.
Muito apreciei a qualidade das poesias e dos poemas declamados. Brilhante o desempenho dos declamadores. Versificação não é minha preferência literária, mas como a poesia encanta o espírito e alma. Fiquei impressionado com tanta beleza das composições poéticas ditas naquele histórico espaço, todas elas produtos criativos e inteligentes dos que fazem versos e rimas, até mesmo de improviso”
“ Mormaço, Calor e Chuva” mereceu a apreciação do escritor Denis Portela de Melo, filho da velha Viçosa do Menestrel das Alagoas. “ Gosto de sua maneira de escrever, que, diga-se de passagem, é aquela que brota de dentro da gente, sem a necessidade de subterfúgios gramaticais e semânticos que entediam o leitor. Você, sem dúvida, está entre os melhores cronistas alagoanos da atualidade”.
Pela sua produção intelectual, Djalma de Melo Carvalho adquiriu o respeito de todos que privam de sua fidalga amizade. E, por isso, tem talento para fazer parte da Academia Alagoana de Letras que, por sua vez, tem inquilinos que entraram por prestígio político. Inclusive, alguns que não têm livros publicados e notoriedade literária.
A cultura nem sempre é bem compreendida pelos mortais. Prevalece ainda o corporativismo entre os candidatos, isto é, nem todos têm padrinho forte. Acompanho a persistência de Djalma Carvalho quando já se inscreveu mais de cinco vezes. Quem sabe um dia meu amigo Djalma de Melo Carvalho, seja reconhecido como merecedor de sua luta. A poetisa Cora Coralina legou à posteridade: “ Na escola da vida todos estão matriculados onde o tempo é o mestre”. Lendo & Comentando o seu novo livro fiquei com a ideia de que nós interioranos jamais esquecemos a terra que nos viu nascer.
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