Política

Picciani X Motta: quem vai selar o futuro de Dilma?

17/02/2016
Picciani X Motta: quem vai selar o futuro de Dilma?
Malabarismo: Dilma tenta se equilibrar entre dois PMDBs - o que a apoia, e o que a quer longe do Planalto (Foto: Lula Marques/Agência PT/Fotos Públicas / O Financista)

Malabarismo: Dilma tenta se equilibrar entre dois PMDBs – o que a apoia, e o que a quer longe do Planalto (Foto: Lula Marques/Agência PT/Fotos Públicas / O Financista)

 

Nesta quarta-feira (17) a presidente Dilma Rousseff começará a saber qual será o seu destino: permanecer no Palácio do Planalto até 2018 e concluir o seu segundo mandato, ou ver seu impeachment aprovado pelo Congresso. O sinal será dado pelo resultado da eleição do novo líder do PMDB na Câmara, prevista para hoje. A disputa entre o carioca Leonardo Picciani e o paraibano Hugo Motta é o mais puro reflexo, dentro do maior partido do país e mais importante da base aliada do governo, do profundo racha vivido pelos brasileiros neste momento.

Picciani conta com o apoio do Palácio do Planalto, que está mobilizando mundos e fundos para elegê-lo, a ponto de deslocar peemedebistas em cargos de confiança de volta à Câmara pasra engrossar a lista de eleitores do carioca. “A derrota de Picciani seria muito negativa para o governo”, afirma o cientista político Antônio Augusto de Queiroz, do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). “Seria a demonstração cabal de que não há mais condições de governabilidade”, acrescenta.

O argumento de Queiroz é cristalino: em tese, o maior partido aliado ao governo deveria eleger um líder, na Câmara, alinhado ao Planalto, a fim de representá-lo por lá. Se isso não acontecer, é porque a legenda, na prática, já não está mais com Dilma.

Já Motta é o representante do presidente da Câmara , Eduardo Cunha , na briga pelo poder em Brasília. Ameaçado de cassação pela Comissão de Ética da Casa, Cunha culpa Dilma por todas as mazelas que o afligem. Ele a culpa de persegui-lo politicamente, utilizando a Procuradoria Geral da República, que investiga seu envolvimento em cobranças de propinas para fechar contratos da Petrobras. Pesa contra Cunha também a descoberta de contas secretas na Suíça – algo que ele negou em depoimento à CPI da Petrobras.

Rápido no gatilho

A estratégia de Cunha, portanto, é abater Dilma antes que ela o derrube. Para isso, conta com Motta à frente do pelotão de fuzilamento. O cargo de líder de partido na Câmara não serve apenas para encher o ego de quem o ocupa e ser paparicado por seus correligionários. Entre suas prerrogativas, está a de indicar os integrantes de comissões em funcionamento na Casa. Traduzindo: se Motta vencer, Cunha espera que o aliado indique deputados favoráveis ao impeachment de Dilma para a comissão mista que analisará o caso.