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Sesau alerta sobre a importância de preservativos no Carnaval
Higiênica e descartável, ela está entre os métodos contraceptivos mais utilizados no mundo inteiro. Muitos sabem da sua importância à saúde, mas na hora “H”, poucos costumam usá-la.
E é justamente no Carnaval, em que a oferta de sexo aumenta e os riscos se multiplicam na mesma proporção, que você deve ficar atento à possibilidade de uma gravidez indesejada ou de uma contaminação por uma doença sexualmente transmissível. Se conhecimento é a melhor arma para combater nossos inimigos, é preciso aprender (de vez) a se cuidar.
De acordo com Mona Lisa Santos, coordenadora estadual do Programa de Combate às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids, o Carnaval é a época em que a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) redobra o cuidado com a população, pois a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas favorece o namoro ligeiro, uma vez que o folião perde a noção da realidade, o controle sobre si mesmo.
“O problema é que, também seguindo a lógica, o indivíduo se esquece dos padrões e, na maioria das vezes, evita a camisinha, multiplicando os riscos a sua saúde”, alerta a coordenadora.
Entre as principais doenças estão o HPV (papilomavírus humano), herpes, donovanose (provoca formação de feridas nas regiões da genitália, da virilha e do ânus), hepatites virais, gonorreia, sífilis e HIV/Aids. Além de três DSTs, ainda que pouco conhecidas, têm riscos tão grandes quanto HIV e sífilis.
Destacam-se: o HTLV (igualmente transmitido em relações desprotegidas, transfusões de sangue e compartilhamento de seringas, que só se manifesta em 5% dos casos. Mas os sintomas são bem graves), uretrite por clamídia (inflamação da uretra, que provoca um corrimento de secreção amarelada e grossa) e cancro mole (de dois a 15 dias, após o contágio, a pessoa sente febre, fraqueza e dores de cabeça e, na sequência, aparecem pequenas feridas com pus no pênis e no ânus. Duas semanas depois desses sintomas ainda surge um caroço avermelhado e igualmente dolorido na virilha).
“O ‘terror’ ainda é a Aids, porque em quase 36 anos de conhecimento da doença, ainda não descobrimos uma vacina que previna contra o HIV; já a segunda mais temida é a sífilis, pois quando a mulher engravida, ela pode contaminar o bebê de tal forma que a criança pode ter inúmeras sequelas para o resto da vida”, explica Monalisa Santos.
“Se a camisinha estourar e você souber que o parceiro é portador do vírus HIV, procure um médico e peça um coquetel anti-HIV, combinação de três medicamentos que previnem contra o vírus”, orienta Celso Tavares, infectologista da Sesau.
Na casa do estudante de direito Flávio Henrique, 22 anos, o tema sexo nunca foi um tabu. Ele conta que, ainda adolescente, o pai chegava para conversar, mostrando, com exemplos, os prós e os contras dos principais métodos para evitar uma paternidade precoce. “Certa vez o meu pai me contou que, ao fazer sexo com várias mulheres diferentes sem o uso do preservativo, acabou desenvolvendo um fungo no pênis”, conta o estudante.
Flávio, que mantém um namoro há 4 anos, parou de usar a camisinha quando completou três anos de relacionamento, já que sua namorada passou a tomar pílulas anticoncepcionais. Mas nem por isso, ele deixa de orientar os amigos na festa do momo. “Acho que todo mundo tem que usar camisinha, sim, porque essa é a maneira de se proteger melhor. Principalmente numa festa como o Carnaval, que a gente desconhece a saúde do outro.”
Hoje, dos 10 amigos que pularam às festas carnavalescas junto a Flávio, seis já são pais. Ele e sua parceira sabem do risco que correm sem o uso do preservativo, mas preferem arriscar. “A gente vive em cima de uma probabilidade, mas como nos conhecemos desde a infância, acho que não existe nenhum problema, ela confia em mim, e eu, nela”, garante.
Com o estudante de biomedicina Nilton Bomfim, de 41 anos, a situação foi diferente. A família do interior, muito tradicional, ficava assustada só de pensar em qualquer abordagem relacionada ao sexo. Aos 11 anos, Nilton foi procurar, sozinho, em livros, tudo sobre o assunto. E, depois, com a orientação dos professores e dos amigos da escola, ele descobriu a importância da camisinha.
“O preservativo, para mim, era algo estranho. Quando não se tem o hábito de falar sobre isso com mais fluidez, com mais delicadeza dentro de casa, a conversa se torna muito difícil”, reconhece Bomfim, que está num relacionamento há 2 anos.
“Não podemos negar que a conversa sobre sexo com o adolescente é ainda mais suscetível, por toda a imaturidade, até do próprio corpo, que ainda está em desenvolvimento. Se a escola e, principalmente, a família incorporar a educação sexual de maneira corajosa, teremos, sim, uma sociedade na luta contra as DSTs”, acredita Mona Lisa.
No Carnaval, sobretudo, o estoque de camisinhas na casa do estudante aumenta, a fim de garantir uma festa segura, divertida e sem neuras. “Hoje, eu acho normal, é uma coisa tão rotineira, que já é automático”, diz. “Alguns amigos meus acham que é diferente, é estranho, mas eu não acho.”
“O que eu percebi ao longo dos anos é que, se você oferece a camisinha para uma pessoa entre 45 a 55 anos, é porque ‘pulou a cerca’. Ou então: está com alguma DST. Quando há confiança e respeito entre o casal não acontece esse tipo de neura; aí, a pessoa nem vai estranhar”, completa Nilton Bomfim.
Já a coordenadora estadual do Programa de Combate às DSTs e Aids, Mona Lisa Santos ressalta, ainda, que os jovens são os que mais se preocupam com o uso do preservativo hoje em dia, pois é um grupo que não vivenciou a entrada do vírus HIV no mundo.
“Eles não vivenciaram uma época em que não tinha remédios nem retrovirais, e as pessoas que adquiriam o HIV morriam rápido. E a imagem que ficava das pessoas doentes, emagrecidas, consumidas, assustava muito, na época. O jovem teve de se readaptar, de maneira acelerada, ao uso do preservativo. Elas estão mais acostumadas, entendem mais. No entanto, a liberdade sexual desse público cresceu, o que preocupa”, explica a coordenadora.
Mona Lisa reforça que uma pessoa pode estar com uma doença sexualmente transmissível, não apresentar sintomas e, mesmo assim, passar para outra pessoa. Por isso, os testes são fundamentais.
O fato é que o problema muitas vezes vem de onde menos imagina como do parceiro de sempre, por exemplo. Não bastasse o fato de muitas DSTs serem assintomáticas, as mulheres ainda têm o órgão sexual interno, o que pode tornar mais difícil para elas perceberem alguma alteração.
45% DA POPULAÇÃO BRASILEIRA NÃO USA CAMISINHA
Conforme dados da Pesquisa de Conhecimento, Atitudes e Práticas na População Brasileira (PCAP), divulgada em janeiro do ano passado, 94% dos brasileiros afirmaram que a camisinha é a melhor forma de prevenção às DSTs e Aids. Mesmo assim, 45% da população sexualmente ativa no país não usava preservativo nas relações casuais nos últimos meses. Realizada em 2013, a pesquisa entrevistou 12 mil pessoas na faixa etária de 15 a 64 anos, por amostra representativa da população brasileira.
Quando comparado a pesquisas anteriores, o resultado mostrou que o uso do preservativo na última relação sexual, ocorrida nos últimos doze meses, se manteve estável: 52% em 2004, 47% em 2008 e 55% em 2013. Além disso, houve um crescimento significativo de pessoas que relataram ter tido mais de 10 parceiros sexuais na vida. Esse percentual subiu de 19%, para 26% em 2008, chegando a 44% no ano de 2013.
“O problema é antigo, apesar de a prevenção ser muito simples”, reforça Celso Tavares. “Usar camisinha em todas as situações é imprescindível: no sexo oral, vaginal e anal. A prevenção ainda é o melhor remédio contra às DSTs e Aids”.
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