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Fiocruz detecta potencial do zika vírus ser transmitido por saliva e urina
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) disse nesta sexta-feira (5), véspera do Carnaval, que detectou a presença de zika vírus ativo, ou seja, com potencial de infecção, na saliva e urina. A transmissão, no entanto, ainda não foi confirmada.
A evidência, baseada na análise de amostras de dois pacientes com sintomas compatíveis com a doença, é inédita e pode ou não ser relevante –a forma de transmissão da zika até hoje comprovada é pela picada do mosquito Aedes aegypti. No entanto, o estudo sugere a necessidade de investigar mais outras vias de transmissão, disse a entidade, vinculada ao Ministério da Saúde e referência no assunto.
“Ainda não sabemos se ele faz o mesmo percurso até o conjunto do organismo. Teremos que fazer outras pesquisas para chegar a essa conclusão”, disse o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha.
Mas pode beijar no Carnaval?
“A evidência de hoje não traz base para que as pessoas deixem de ir ao Carnaval. Mas para as gestantes, que têm potencial maior de contaminação, a recomendação é evitar” – Paulo Gadelha
“Não podemos afirmar hoje que não há possibilidade de contaminação”, ressaltou. “Sim, é possível que o vírus se replique nesses meios. A partir daí, todas as questões estão em aberto.”
Por isso, a orientação é que as gestantes evitem locais de grande aglomeração, como o Carnaval, “por uma questão de cautela”. “Mas apenas as gestantes. Além disso, seria uma situação infundada”, disse.
As recomendações para as grávidas incluem evitar beijar qualquer pessoa e evitar compartilhar de copos e talheres até que as pesquisas avancem.
Com a possibilidade de contágio pela saliva, a zika se assemelharia a doenças como mononucleose, a chamada de “doença do beijo”, herpes e candidíase (sapinho). Também está em análise uma suspeita de transmissão sexual da doença, que aconteceu nos Estados Unidos.
A zika costuma ter assintomática e 80% dos casos sequer manifesta sintomas. No entanto, os efeitos do vírus em bebês ainda intrigam cientistas. Evidências apontam que a microcefalia pode ser apenas um dos danos neurológicos da síndrome fetal associada a zika. Até o início da semana, eram 3.670 casos de microcefalia em investigação, além de 404 bebês com microcefalia ou síndromes neurológicas confirmadas.
Além disso, casos da síndrome neurológica de Guillain-Barré associada ao vírus estão sendo largamente notificados. A síndrome é uma condição na qual o sistema imunológico ataca o sistema nervoso e pode causar paralisia.
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