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A intolerância religiosa

09/12/2015
A intolerância religiosa

O polêmico embate entre Grupos Evangélicos e Religiosos da Cultura Afro-Brasileira em disputar o uso da mesma Praia de Maceió, em 8 de Dezembro (feriado de Nossa Senhora da Conceição), sendo que os Evangélicos querem comemorar o “Dia da Bíblia”, enquanto que o “Candomblé” precisa oferecer “oferendas” à Iemanjá (Deusa das Águas), leva-nos a refletir sobre a “Intolerância Religiosa”, mesmo ciente da existência da Lei Federal nº 11.635/2007, que torna o dia “21 de Janeiro” como o DIA NACIONAL DE COMBATE À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA, em homenagem a Mãe de Santo Gildásia dos Santos e Santos, conhecida por “Mãe Gilda”, que, não resistindo aos ataques, invasões e depredações do seu terreiro em Itapuã (Salvador, Bahia), teve complicações cardíacas que resultaram na sua morte em 21 de Janeiro de 2000.

Ora, é preciso saber se a Intolerância Religiosa é Preconceito ou Ignorância? Se for Preconceito é uma atitude mesquinha com interesse individualista, resultante de falsas crenças e de perseguição. Se for Ignorância é a falta de desenvolvimento intelectual; é a ausência de habilidade e de vontade em respeitar e reconhecer as diferenças religiosas. A Intolerância no âmbito social, acompanhada de agressões, palavras ou ações, é uma insanidade demoníaca, sem lógica e sem explicação. A Intolerância deturpa as relações humanas. A Intolerância é doença que pode se transformar em epidemia; que fere a dignidade humana, a liberdade de expressão e a liberdade de ir e vir. Ela se baseia na discriminação que tem suas raízes no monopólio da verdade absoluta e no fundamentalismo. O Ser Humano que pratica a Intolerância Religiosa acredita que possui uma “inspiração divina” em nome da sua fé e, por isso, sente-se no dever de espoliar, achincalhar, invadir, impedir, prender, torturar e até exterminar o semelhante, em nome do seu “Deus”, dominante e insensível. Mas a Intolerância Religiosa (como a Intolerância Política) tem cura e seu tratamento começa na educação e na orientação de que toda “intolerância” surge do medo, da incerteza, da insegurança e da falta de amor ao próximo. O Medo advém da Ignorância. A Insegurança surge do Preconceito. Porém, para combater o medo, a incerteza, a insegurança e a falta de amor ao próximo são necessárias ações intensivas e permanentes de humildade, com a adoção de políticas públicas de educação voltada à compreensão e o respeito à diversidade de crença, de cor e de sexo, que deve iniciar no meio familiar e ampliado na pré-escola, estendendo-se a todas as idades e formações culturais. A Constituição Federal impõe que “todos são iguais perante a lei”, não permitindo a “violabilidade da liberdade de consciência e de crenças”, de modo a assegurar “o livre exercício dos cultos religiosos e garantir a proteção aos locais de reunião, de culto e de liturgias”.

Segundo a Rádio Vaticano, o Papa Bento XVI, durante seu Pontificado, nomeou o Reverendo Keith Newman como 1º Ordinário do Ordinariato Pessoal de Nossa Senhora de Walsingham. O Rev. Newman, ao lado de outros Reverendos que cuidam da preparação catequética dos primeiros grupos de anglicanos da Inglaterra e do País de Gales, foi recepcionado na Igreja Católica, juntamente com pastores e ministros ordenados Sacerdotes da Igreja Católica, quando da celebração do Pentecostes. O Rev. Keith Newton, nascido em Liverpool, foi nomeado pelo Papa Bento XVI como 1º Ordinário do Ordinariato Pessoal, com 58 anos. Ele é casado e pai de três filhos. Ordenado Diácono na Igreja Anglicana (1975) e Presbítero (1977), desempenhou ministérios na Inglaterra e em Malawi. Consagrado Bispo Anglicano (2002), foi bispo auxiliar do Arcebispo de Cantuária, D. George Carey, primaz da Comunhão Anglicana até 2010. Juntamente a esposa, Sra. Gill Donnison, foi acolhido pelo Papa Bento XVI na plena comunhão com a Igreja Católica em 1º/01/2011, na catedral de Westminster, em Londres.

Ademais, o imortal Mahatma Gandhi dizia que a “Tolerância é uma necessidade em todos os tempos e para todas as raças. Mas tolerância não significa aceitar o que se tolera”. Já o africano Nelson Mandela sentencia: “… Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar…” Pensemos nisso! Por hoje é só.