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Macri vai dividir Ministério da Economia da Argentina em seis pastas

24/11/2015
Macri vai dividir Ministério da Economia da Argentina em seis pastas

Em sua primeira entrevista, Mauricio Macri anunciou que vai dividir o Ministério da Economia em seis pastas diferentes, mas não anunciou nomes. A entrevista foi a primeira atividade na agenda do presidente eleito, que tem uma curta transição de 17 dias antes de assumir o cargo no dia 10 de dezembro.

Macri é o primeiro presidente da Argentina eleito em um segundo turno

Macri é o primeiro presidente da Argentina eleito em um segundo turno

A entrevista foi um sinal de um novo estilo de governar. “Vou dar muitas entrevistas”, disse Macri, comparando seu futuro governo com o da presidenta Cristina Kirchner que, em oito anos, quase não falou com a imprensa.

Na área econômica, Macri não deu uma data para implementar uma importante promessa que fez ao eleitorado argentino: eliminar os controles cambiais, impostos por Cristina em 2011, para impedir a saída de dólares do pais.

Risco necessário
Para o economista Fausto Spotorno, a medida é necessária para atrair os investimentos que a Argentina tanto precisa, mas o risco é que provoque uma desvalorização descontrolada do peso. “Isso pode elevar ainda mais a inflação, que já é alta e supera os 25% anuais”, disse.

O problema, explicou o economista, é que não há outra saída. “O Banco Central está com poucas reservas: cerca de US$ 26 bilhões, dos quais apenas US$ 4 bilhões estão disponíveis”, disse. “Para liberar o câmbio e impedir que dispare, precisamos ter dólares, mas para atrair dólares, precisamos liberar o câmbio. É um circulo vicioso”.

Combate à corrupção
Durante a entrevista, Macri prometeu manter a atual política de defesa dos direitos humanos – uma bandeira dos 12 anos de governos da família Kirchner. Ele também defendeu a união dos argentinos e o diálogo para aprovar leis de interesse nacional, mas prometeu investigar os crimes de corrupção.

“Acabou a era de disputa, de dizer que, se você pensa como eu penso, você é um amigo e, se não, é um inimigo”, disse Macri. “A Justiça terá toda a liberdade para investigar a fundo e não haverá qualquer tipo de impunidade”.

Em seu governo, Macri terá desafios políticos. Ele conquistou os cinco maiores distritos eleitorais do país, mas tem minoria no Congresso. A Frente para a Vitoria (FPV), partido da atual presidenta de Cristina Kirchner, tem maioria própria no Senado e é a primeira minoria na Camara dos Deputados.

Macri precisa de apoio legislativo para derrubar, entre outras coisas, uma lei que proíbe o governo de oferecer condições mais favoráveis a minoria dos credores (7%) que não aceitou renegociar a dívida externa, em moratória desde 2001. Até resolver esse problema, a Argentina continua fora do mercado financeiro internacional.

Brasil e Mercosul
A primeira viagem oficial de Macri como presidente eleito da Argentina será para o Brasil. A intenção do argentino foi manifestada durante um telefonema com a presidenta Dilma Rousseff, que ontem (22) ligou para cumprimentá-lo pela vitória. Macri diz que pretende ter uma relação “fluida e dinâmica” com o Brasil.

Macri também falou sobre sua participação na próxima reunião da cúpula do Mercosul, que ocorre no dia 21 de dezembro, em Assunção, com os presidentes dos outros quatro paises do bloco regional (Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela). Ele afirmou que vai pedir medidas contra o governo venezuelano “pelos abusos que está cometendo, com a perseguição de opositores e da liberdade de expressão”.

A cláusula democrática, que Macri promete invocar, prevê desde a aplicação de sanções comerciais atá a suspensão do país, acusado de romper a ordem democrática, mas precisa de um consenso para ser aplicada.

Segundo turno
Macri é o primeiro presidente da Argentina eleito em um segundo turno e o primeiro que não pertence a um dos dois partidos tradicionais: a União Cívica Radical (UCR) e o Partido Justicialista (ou Peronista). Ele fundou seu próprio partido conservador Proposta Republicana (PRO), que se aliou aos radicais e outras agrupações na coligação Cambiemos (Mudemos).

O novo presidente argentino foi eleito com apoio de 51,4% do eleitorado por uma pequena diferença (cerca de 700 mil votos) em relação ao segundo colocado, o governista Daniel Scioli, que ficou com 48,6% dos votos.