Cidades
A África é aqui: quilombolas da Tabacaria vivem em condições sub-humanas, diz vereador
As festividades em comemoração ao Dia da Consciência Negra contrastam com a miséria e o descaso em que vivem as comunidades quilombolas. Um destes exemplos pode ser visto em Palmeira dos Índios, onde está localizada a comunidade “Tabacaria” marcada pelo esquecimento e a falta de política de políticas públicas. “Crianças, jovens e idosos vivem em condições sub-humanas, sem água tratada, sem saneamento básico, moradia digna, enfim, sem perspectiva nenhuma” denunciou, o vereador, Júlio Cezar.
Segundo o parlamentar “é necessário uma imediata união de forças envolvendo os três entes federados (Município, Estado e Governo Federal) para mudar aquela triste realidade. Quem ver de perto a situação em que aquelas pessoas estão submetidas tem a sensação de que a África é ali. A comunidade Tabacaria cobra ações efetivas por parte do poder público que não pode fechar os olhos para esse descaso com a vida humana. É preciso se indignar com uma coisa dessa” protestou, Júlio, acrescentando que há 1 ano o Jornal Tribuna do Sertão também fez essa denúncia.
Com 63 anos de idade, dona Zafira da Silva, relata o drama em que ela e sua família vivem. “Aqui somos esquecidos porque não chega nada, por isso, eu digo que somos esquecidos”. A voz tímida de Zenaldo Silva ganha força ao revelar suas angustias. “Quando chega um socorro já morremos… Há pouco tempo morreram dois irmãos por falta de assistência… Água aqui é de barreiro ou açude e quando precisamos temos que disputar espaço com os animais porque a necessidade fala mais alto” contou.
“Quando Deus manda chuva plantamos uma lavoura de milho e feijão, mas quando o ano é de seca como esse vivemos pela graça. Não é pior porque o dinheirinho da aposentadoria ajuda a botar a comida na mesa porque vivemos esquecidos e abandonados” disse, Odílio dos Santos, de 73 anos. Assim como a maioria dos quilombolas da Tabacaria, seu Odílio, não soube explicar ao certo o significado do dia 20 de novembro para a liberdade do povo negro.
O sofrimento dessa gente precisa acabar de alguma forma. Mas, por enquanto é o canto do reisado de seu Gerson e dona Dominícia, cuja família reside em casas de lona, que alivia a dor destas pessoas. “Oh Serra da Barriga cadê nosso amigo faz 300 anos que ele faleceu. Ele foi, deixou os quilombolas para vencer a luta e serem vencedores…” diz a letra da música que soa como um lamento também.
O que eles têm a comemorar?
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