Geral
Movimentos sociais discutem desafios da cultura democrática
O seminário Cultura e Política foi aberto na tarde desta quinta-feira (29), no Rio de Janeiro, com a realização do debate Democratizando a democracia a partir dos movimentos sociais. No Teatro Arena da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), representantes de movimentos rurais e urbanos foram os principais protagonistas do debate, no qual expuseram, cada um a partir de sua perspectiva, os desafios para aprofundar a democracia e, consequentemente, a cultura democrática no Brasil.
Mediada pelo diretor de Estudos e Monitoramento de Políticas Culturais da Secretaria de Políticas Culturais do Ministério da Cultura (MinC), Pedro Vasconcellos, a mesa de debate contou com a participação de João Paulo Mehl, do Pontão de Cultura Soylocoporti (PR); Raoni Mouchoque, da RioParadaFunk; Giowana Cambrone, representante do movimento LGBT; Concita Sompre, da Associação Indígena Gavião Kyikatêjê; Lula Dantas, da Comissão Nacional de Pontos de Cultura; Antonio Bispo, escritor quilombola; Eduardo Mattedi, diretor da Secretaria de Articulação Institucional (SAI) do MinC; Carlos Wainer, coordenador do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ; Lia Calabre, presidenta da Fundação Casa de Rui Barbosa; e Guilherme Varella, secretário de Políticas Culturais do MinC.
Em comum, todas as falas apontaram a escalada de uma agenda conservadora, autoritária e de extrema direita no País como o grande desafio a ser encarado pela democracia brasileira.
“Não tem como falar em democracia enquanto tivermos os terreiros do Brasil afora sendo atacados pelo fundamentalismo religioso, quando deputados querem aprovar um projeto de lei que impeça a crítica a eles na internet, quando os deputados derrubam um decreto de participação social”, disparou Joao Paulo Mehl.
Concita Sompre afirmou que o Brasil vive hoje um grande enfrentamento para garantir conquistas obtidas na Constituição de 1988 e a população indígena, em particular, tem sofrido uma série de derrotas no Congresso Nacional, sobretudo no que diz respeito à demarcação de suas terras. “Não dá pra gente falar de cultura sem território. Nós não conseguimos discutir cultura sem estar naquele lugar”, relatou, com a voz embargada.
Raoni Mouchoque retratou a cultura autoritária que ainda vive no Brasil, relatando o histórico de repressão sofrido pela Marcha da Maconha e também do funk. “O funk é perseguido, assim como outros ritmos sofreram essa perseguição. Taxaram o funk de violento e de vulgar, sendo que ele canta a realidade assim como se faz em ritmos, mas, para o funk, isso é motivo para que diversos bailes não estejam funcionando”, criticou.
O coordenador do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, Carlos Wainer, também reiterou que várias conquistas que levaram décadas para serem alcançadas estão sendo ameaçadas neste momento, incluindo a estabilidade institucional. “Há um golpe em marcha, que não é militar”, alertou. Wainer ainda lembrou que o Teatro Arena da UFRJ foi um lugar importante na resistência à ditadura militar brasileira. “E eu sinto aqui, vendo vocês, a mesma energia que eu sentia há 40 anos”, concluiu.
Como organizador do seminário, Guilherme Varella destacou que o Programa Cultura e Pensamento tem como um de seus principais objetivos debater a função da cultura na disputa dos valores da sociedade. “Ter esse programa, gerar um ambiente de debate, de reflexão, de massa crítica, é algo imprescindível nesta conjuntura política. Esta onda conservadora é intrinsecamente ligada a essa crise de valores”, apontou.
Sobre o Cultura e Pensamento
O seminário Cultura e Política integra o programa Cultura e Pensamento, desenvolvido pelo MinC, por meio da Secretaria de Políticas Culturais (SPC). O programa teve seu primeiro ciclo realizado entre 2005 e 2012, focado no debate teórico acerca da cultura. Em 2015, ele foi retomado com a proposta de estimular a reflexão e a interlocução entre diferentes visões do campo da cultura, ultrapassando a barreira acadêmica e reunindo grupos culturais, movimentos, redes, ativistas, intelectuais, fazedores e fazedoras de cultura, jovens inovadores, mestres e mestras, aproximando campos sociais, territórios e correntes de pensamento.
O segundo ciclo do programa foi inaugurado em setembro, também no Rio de Janeiro, com o tema A Crise de Valores na Sociedade Atual. A cidade de São Paulo será a próxima a receber uma edição do Cultura e Pensamento. No dia 4 de novembro, será realizado na capital paulista o seminário Cidade e Cultura: a construção de outros imaginários urbanos.
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