Cidades

Com recursos públicos milionários Hospital de Palmeira dos Índios atende população precariamente

19/10/2015
Com recursos públicos milionários Hospital de Palmeira dos Índios atende população precariamente
COM RECURSOS públicos milionários Hospital de Palmeira atende precariamente

COM RECURSOS públicos milionários Hospital de Palmeira atende precariamente

O Hospital Regional Santa Rita, em Palmeira dos Índios, que existe na cidade há 60 anos, está longe de ser a instituição referência em atendimento de saúde, como já foi um dia. Com um atendimento precário, faltam médicos especialistas para uma simples consultas e até mesmo materiais que precisam ser utilizados em cirurgias e outras intervenções.  Pelo menos é o que diz a população que precisa utilizar os serviços da unidade hospitalar,  conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS) ou portadora de planos de saúde, além dos próprios profissionais que trabalham no hospital.

De acordo com denúncias recebidas pelo jornal Tribuna do Sertão, nos finais de semana faltam médicos especialistas para atender a demanda que chega ao local.

O administrador de empresas P.A.J., que pediu para não ser identificado, disse que no último domingo (11) levou a filha pequena, de 5 anos, para ser atendida no hospital, mas teve uma surpresa desagradável: faltava um pediatra. “Isso é um absurdo. E olha que nós temos plano de saúde. Não pude deixar de mostrar a minha indignação. A minha filha doente, ardendo em febre e simplesmente não tinha um pediatra de plantão, apenas um clínico. O pior é que a nossa suspeita era de uma pneumonia, porque ela tava com muita tosse e secreção. Se escolhemos pagar caro pelo plano de saúde é para ter um atendimento melhor. Tivemos que ir à Arapiraca. Eu vou denunciar o hospital por causa disso. É um descaso com a saúde”, ressaltou P.A.

Em maio deste ano, uma funcionária do Santa Rita denunciou à imprensa que a Unidade de Pediatria do Hospital seria fechada e os serviços de assistência a crianças suspenso. O motivo seria o remanejamento, ou demissões, de profissionais que atuavam nessa área para outras da unidade.

Além disso, os serviços de urgência e emergência foram suspensos e a população passou a contar com o atendimento da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), localizada no bairro de Vila Maria.

Este fato foi confirmado por outros três médicos da instituição, que pediram para não terem os nomes revelados. Segundo eles, a Unidade de Pediatria está realmente fechada, fato que prejudica o atendimento a crianças e até mesmo o de recém-nascidos que chegam ao mundo pelas mãos dos profissionais que atuam na casa. “Há duas semanas teve a maior confusão por conta disso. A verdade é que não temos pediatras plantonistas e não temos mais a Unidade de Pediatria. Isso é algo que não deveria acontecer, pois existem recursos para manter a Pediatria. Quem sofre são as crianças, que ficam carentes desses serviços. Quando alguma criança é submetida a um procedimento cirúrgico, por exemplo, se não tiver plano de saúde, tem que dividir o quarto com outras crianças e adultos. Fica todo mundo junto”, informaram os médicos.

A Unidade de Pediatria do Hospital Santa Rita está fechada desde desde junho deste ano

A Unidade de Pediatria do Hospital Santa Rita está fechada desde desde junho deste ano

Outro funcionário, que também não quis ser identificado, falou que alguns setores funcionam de maneira bastante deficiente. Faltam instrumentos e equipamentos cirúrgicos, o que obriga muitos usuários, sejam do Sistema Único de Saúde (SUS), os principais “clientes” do hospital, ou os de planos de saúde, serem transferidos para unidades de outros municípios como Arapiraca e Maceió.

“Às vezes faltam alguns medicamentos, como aqueles para enjoo. Às vezes, eles são repostos imediatamente e outras não. Já vi alguns absurdos, como longas filas de esperas de pacientes para fazer um exame, sentindo dores, enquanto os funcionários estão olhando bobagens na internet. Não tem pediatra, não tem cardiologista de plantão. Já vi paciente ficar horas esperando por atendimento e o médico tomando cafezinho. Tem médico que chega a sair do hospital, na hora do plantão e vai para casa porque não tem ninguém esperando atendimento, quando a obrigação é ficar, esperar e cumprir o horário, como todo mundo faz. É um absurdo. Eles acham que porque são médicos são melhores do que os outros, mas não são. Eles adoecem e morrem também, como qualquer outra pessoa”, reclamou.

O provedor do Hospital Santa Rita, Pedro Gaia, discorda de todas as acusações de mal atendimento e da falta de estrutura dentro do Santa Rita. Segundo ele, quem tiver algum problema provocado pela falta de especialistas no hospital deve procurar as operadoras de planos de saúde e fazer as devidas reclamações. “Não existe falta de médicos no nosso hospital.

O hospital oferece os serviços de acordo com a demanda. Temos pediatra sim, em todos os horários. Temos médicos plantonistas e quando existe a necessidade de uma determinada área médica, nós mandamos chamar. Trabalhamos de acordo com os contratos de planos de saúde e com o que eles podem pagar. Se o paciente quiser reclamar, tem que reclamar com o plano de saúde e não com o hospital”, declarou.

PROMOTORA de Justiça Salete Adorno diz que é importante a população formalizar denúncias junto ao MP

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Repasse de verba

No ano passado, o hospital recebeu incentivo de incrementos no repasse de verbas federal e estadual. O repasse municipal ultrapassou os R$ 9 milhões.

Em agosto do ano passado, foi a vez do prefeito James Ribeiro denunciar o hospital. Na ocasião ele afirmou à imprensa que o Santa Rita teria recebido do Ministério da Saúde, entre novembro de 2013 e julho de 2014, o equivalente a R$ 13. 384. 974. 71. (Treze milhões trezentos e oitenta quatro mil novecentos e setenta quatro e setenta Reais e setenta um centavos).

Deste total, quase cinco milhões seriam destinados para o setor de urgência e emergência. Ele disse, ainda, que alguns médicos recebiam salários no valor de R$ 30 mil, que o hospital possuía uma “caixa preta” e que uma auditoria precisava ter sido feita no local, o que até o momento não ocorreu.

Ministério Público

A promotora de Justiça, Salete Adorno, disse que a população pode e deve denunciar qualquer tipo de insatisfação relacionada à saúde, em Palmeira dos Índios, ao Ministério Público. “A denúncia deve ser formalizada junto ao Ministério Público. A população precisa não se acomodar e relatar essas insatisfações. É interessante, também, que nos apresentem provas, com fotos ou vídeos da situação. Se as irregularidades forem constatadas, tomaremos as medidas judiciais cabíveis”, ressaltou.

O atendimento para reclamações e denúncias referente à área de saúde no município podem ser feitas diretamente ao Ministério Público Federal, que está localizado na rua Marechal Deodoro da Fonseca, 27, próximo à igreja da Catedral. O horário de atendimento é das 14h às 17h, todas as terças-feiras do mês de outubro. A partir de novembro, o atendimento será realizado toda quinta-feira.