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Valdomiro Motta e Ulisses Guimarães
Não é de hoje que tenho conhecimento de pessoas que têm medo da morte, muito embora muitas delas convivessem com a morte, diariamente, em sua vida profissional. Quem não se lembra do político, advogado e opositor à Ditadura Militar, Ulysses Silveira Guimarães (1916-1992) que morreu em um acidente aéreo de helicóptero no litoral de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, em 1992? Ulysses Guimarães, junto à sua esposa Dona Mora, o ex-senador e ministro Severo Gomes, a esposa deste e o piloto foram mortos com a queda do helicóptero. Todos os falecidos tiveram seus corpos resgatados nas praias cariocas. Mas o corpo de Ulysses Guimarães nunca foi encontrado, permanece até hoje no fundo do mar. Aliás, esse fato não seria relevante neste instante se não tivessemos conhecimento de que o Deputado Ulysses Guimarães, em vida, nunca compareceu a um velorio (até mesmo de familiares), porque ele entendia que não deveria ver o corpo morto daquele que ele conheceu com vida. Portanto, a imagem que ele gostaria de ter na memória era o sorriso e contentamento do amigo ou do familiar vivo. Engraçado é como um potiguar de Acari (RN) encontrou uma resposta sensata para justificar o desaparecimento do Deputado Ulysses: “Ele era de uma pureza tão grande que só o mar, com sua imensidão, poderia servir de descanso para o seu corpo”.
Pois bem, o Deputado Ulysses Guimarrães por nunca ter participado de um velório e por não gostar de enterro, foi atendido por Deus em seus desejos. Ninguém esteve presente no seu velório, nem ninguém acompanhou o seu enterro, porque nunca mais foi visto o seu corpo cadavérico. O Dr. José Valdomiro Motta que faleceu aos 85 anos de idade, na última quinta-feira, no Hospital da UNIMED em Maceió, tinha os mesmos desejos de Ulisses Guimarães: de não ser internado numa UTI e nem haver velório no seu falecimento. Mas, o Dr. José Valdomiro Motta não foi atendido por Deus em sua vontade de não ser internado numa UTI e de nem haver velório longo no seu falecimento. Logo, o que desejamos nem sempre corresponde ao que praticamos.
Quantas vezes em Palmeira dos Índios e em Maceió encontrei o médico Valdomiro Motta em velórios e em seputamento de pessoas amigas. E não é só isso. Mesmo sem querer ser internado numa UTI, porque ele sabia do sofrimento e da angústia daquelas pessoas ali “entregues a própria sorte”, uma vez que seu contato sempre foi com pacientes vivos, animados e confiantes, antes de cada Cirurgia, porque exercida com competência a Anestesiologia e por ser renomado no Hospital Regional Santa Rita e, simultaneamente, por ter exercido a função de Otorrino na mesma unidade hospitalar, com a morte, nada poderia ser diferente das ações por ele vividas.
Por isso, a enfermidade que levou à morte o Dr. Valdomiro Motta teve que mandá-lo à UTI por 20 dias, sedado e entubado até a data do seu óbito. E, em segundo plano, como ele era um anestesista que, ao lado de cirurgiões, acordava muito cedo para realizar cirrurgias (a partir das 4 horas da manhã), seus familiares resolveram sepultá-lo no Campo Santo “Parque do Agreste” em Palmeira dos Índios, no dia seguinte, às 7 horas da manhã. Por isso, não pude estar lá, porque estava acometido de uma virose… numa manhã muito fria… e eu não havia dormido bem na noite anterior. Mas, fiquei triste em não ver o amigo pela última vez. Porém, tal como Ulysses Guimarrães, Valdomiro Motta foi um homem notável nos meios políticos e sociais do Estado, conviveu com os médicos Marcos Morais, Emílio Silva, Wilson Vieira Costa, Osvaldo Silva, Hélio Ferreira, entre outros. Recentemente, como anestesista, recebeu contribuição dos colegas Agamenon Ferreira da Silva e Sheila Pereira Lopes, porque estava sofrendo de “depressão”.
Segundo o Dr. Emílio Silva “era um agregador, um pacificador”. Sua vida pública foi marcada por vários acontecimentos. Foi o primeiro provedor-médico e o segundo diretor-médico, como também foi presidente da “Mordomia” do Hospital Santa Rita. Foi presidente dos Diretórios Partidários da Arena e do PFL, além de ter sido suplente de senador do político Divaldo Suruagy, seu amigo e correligionário. Pensemos nisso! Por hoje é só.
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