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Da toga às letras

25/07/2015
Da toga às letras

    Numa noite do ano de 2013, compareci à solenidade do lançamento do livro – Caminhos de um Magistrado – de autoria do desembargador emérito Oduvaldo Persiano, filho ilustre da Velha Viçosa, sócio efetivo da Associação Alagoana de Imprensa, bem como de outros sodalícios de relevo. Diga-se, de passagem, compareceu a nata alagoana pelo prestígio pessoal do autor.
No bojo da obra, vê-se : a Introdução, temas Evidenciais, Vivência Jurídica, Defesas Penais na Imprensa, Crônicas de Artigos, Reflexões de Vida, Escaneando o Baú, Linha do Tempo e Desopilando o Fígado.
A bem da verdade, trata-se de um magistrado erudito e, portanto, seu pensamento literário abrange várias veredas até encontrar os “Caminhos” de um homem público probo, a serviço da sociedade alagoana e, principalmente, da justiça para todos. Nunca proferiu sentença com rancor, com pertinácia de castigar o réu. Muito pelo contrário, fez da toga o espelho para se embelezar na praticidade da retidão de caráter.
Convidou o conterrâneo Dr. José Areias Bulhões para fazer a apresentação e, por conseguinte, o ilustre causídico assim se expressou: “  Nos caminhos da vida, no município de Major Isidoro, conheceu a dona Sônia Wanderley, por quem logo se apaixonou vindo a contrair núpcias, depois, do rompimento do noivado, e reatamento do namoro, graças a intervenção de uma amiga de nome Carminha, a quem ele denomina  alcoviteira”.
Construiu uma família utilizando a argamassa do amor e, portanto, dessa perfeita união nasceram os rebentos: juiz de direito Dr. Sérgio Persiano que, por sinal, seguiu a orientação do preclaro genitor; as senhoras Soraya/Sandra que lhes deram netos que significa a continuidade da espécie humana.
Nesse sentido, reuniu sua profícua existência num gostoso livro de apreciação plausível. Recheado de fotos que dignificam a história de um “guerreiro” por um Brasil mais justo, mais solidário e, por extensão, capaz de propiciar a ética tão vilipendiada nos dias atuais. Não passou pela vida em brancas nuvens como dissera o poeta.
Adora a poesia de cordel. Quando completou  oitenta anos fizeram versos imorredouros. “Aos netos, filhos e família/ Aos novos amigos e de muitos anos/ Dedico estes versos de cordel/ Que homenageia Oduvaldo Persiano/ Homem de honra e bondade/ A quem o destino reservou bons planos”.
Por outro lado, prestou um grande homenagem à sua mãe Senhora Dona Lucila. Aliás, Drummond dissera que todas as mães são santas. E por isso, não deviam morrer. Adiante no poema ele diz: morrem para serem santas . E, desse modo, jamais serão esquecidas por tudo que fizeram pelos seus filhos queridos.
Orador consagrado no seu tempo. Na ocasião de sua formatura na antiga Faculdade de Direito deixou escapar: “Não deveremos, entretanto, compartilhar ou estimular ódios ou ressentimentos: nunca negar auxílio aos necessitados, prestando, assim,assistência profissional, aceitando com prazer a indicação da Ordem ou do Magistrado. Tenhamos em mente a constante preocupação de defender as prerrogativas profissionais e a reputação da classe. Não esquecer jamais que, ao lado dos DIREITOS que nos são assegurados, está em pé de igualdade  os DEVERES. É fácil gritar por aqueles, porém é comum recusar estes ou simplesmente olvidá-los.”
Fez de sua caminhada o itinerário da retidão, a certeza de que servir ao próximo agrada a Deus e aos homens de boa a vontade. Semeou na seara jurídica a semente da igualdade, da fraternidade e, sobretudo, da solidariedade. Certamente, espelhou-se na reflexão da inolvidável Irmã Dulce: “ O bem que você faz hoje amanhã poderá ser esquecido. Faça-o assim mesmo.”
Na qualidade de advogado criminalista, defendeu inúmeros constituintes e, assim sendo, devolveu a liberdade baseado no contraditório do arcabouço jurídico. Fez o que deveria fazer pelos menos aquinhoados. Prestou juramento da sublime profissão de advogado/ magistrado. Não se curvou diante dos portentosos. Muito pelo contrário, seguiu à risca o que dissera no dia de sua formatura como orador da turma.
Agora, surge com um livro capaz de levá-lo à Academia Alagoana de Letras. Talento não lhe falta. Aconselho-o a produzir novas obras a fim de construir a sustentabilidade no mundo  literário a fim  de ser reconhecido pelos inquilinos da Casa de Demócrito Gracindo. Organização: Francis Lawrence.