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Anos Rebeldes
Com mais certezas do que dúvidas, no fulgor dos seus 17 anos, a jovem Bruna se dá ao luxo de criticar os colegas (“são todos pequenos burgueses”) e até mesmo o seu dedicado mestre de História, de quem discorda sempre. É uma das passagens consideradas fortes da série “Anos rebeldes”, muito bem produzida para o cinema e a televisão pela Fundação Cesgranrio, num original de Décio Coimbra, produção de Carlos Alberto Serpa e direção de Alexandre Machafer.
Mateus, na boa interpretação de Hugo Carvalho, é o ator principal às voltas com sérias dúvidas sobre que carreira seguir, numa idade em que isso é bastante natural. Como é natural a existência de namoros na turma e até a descoberta de que um dos seus melhores amigos é declaradamente gay.
Tudo acontece em lindos cenários do Rio de Janeiro, muito bem escolhidos, animados por uma feliz seleção de músicas para servir de fundo às cenas geralmente filmadas com muito capricho. O que se deve exaltar, nessa iniciativa da Fundação Cesgranrio (é uma primeira série de 20 capítulos de 25 minutos cada) é a afinidade do enredo com a procura do que somos e de quais devem ser os nossos caminhos. Registra-se que não é só de Enem que se vive, embora se possa caracterizar o trabalho como uma verdadeira novela pedagógica, moderna, ousada, versão atualizada da pioneira novela João da Silva, realizada há 50 anos sob a inspiração de Gilson Amado, na extinta TV Continental. Com a particularidade, amplamente respeitada, de que estamos vivendo tempos virtuais, com todas as suas características, exibidas na fornada de bons atores e atrizes que se apresentam.
É claro que a plateia principal será constituída por elementos da nova geração, que busca orientação para a tomada de importantes decisões. As relações familiares têm importante destaque em toda a trama, surgindo naturais conflitos, ao final devidamente amainados, como convém a pessoas bem educadas. “O que se busca, disse o professor Serpa, na cerimônia de lançamento, é estimular a descoberta de novos caminhos no processo de educação das novas gerações.”
A Fundação Cesgranrio tem sido bastante coerente, nas suas ações, tendo iniciado um bonito trabalho cultural pela parte do teatro. Criou um curso muito bem frequentado e distribui o maior prêmio de teatro do país, além de ter implementado o Conselho Cultural, com personalidades de destaque, como é o caso da recentemente falecida Bárbara Heliodora. Desse organismo espera-se o nascimento de grandes ideias, algumas das quais já se encontram em gestação, como se pode exemplificar com a série Música nas Escolas, dirigida pela pianista Carol Murta Ribeiro. Crianças do sistema municipal de ensino do Rio de Janeiro receberão cartilhas com a biografia de grandes autores clássicos e CDs contendo algumas de suas obras-primas (Chopin, Beethoven, Liszt etc). É uma forma inteligente de se valorizar a tão decantada educação artística, de que tanto se fala, mas na prática pouco se realiza. Sob esse aspecto, mais uma vez, as iniciativas da Fundação Cesgranrio são muito apreciadas.
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