Geral

Seminário apresenta propostas do Plano ABC para Alagoas

23/10/2014
Seminário apresenta propostas do Plano ABC para Alagoas

Durante o evento foram desenvolvidas algumas estratégias de combate à poluição, entre elas a criação do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC) (Foto:Nathália Calazans)

Durante o evento foram desenvolvidas algumas estratégias de combate à poluição, entre elas a criação do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC) (Foto:Nathália Calazans)

  A preocupação com o meio ambiente permeia todos os setores da economia mundial. Os órgãos responsáveis por cuidar dessa questão unem-se cada vez mais para tentar minimizar os impactos causados pela má ação do homem na natureza. Essa preocupação levou o Governo Federal a assumir o compromisso de reduzir a emissão de carbono na atmosfera até 2020.
Para tanto, foram desenvolvidas algumas estratégias de combate à poluição, entre elas a criação do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC). Com o objetivo de sensibilizar a cadeia produtiva do agronegócio, foi realizado, nesta quarta-feira (22), o I Seminário da Agricultura de Emissão de Baixo Carbono em Alagoas, na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas (Faeal).
Durante o encontro, o coordenador do Plano ABC pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Elvison Ramos, apresentou uma contextualização do plano, explicando aos presentes a sua importância e intenção.
“O seminário de hoje é para envolver os produtores, gestores, técnicos e todos os atores da cadeia agropecuária na batalha para que a emissão de gases tóxicos diminua, desde que não comprometa esse setor produtivo”, disse o coordenador, esclarecendo que o objetivo do plano é atender as estratégias do Governo Federal de cumprimento de acordos internacionais para a mitigação de emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.
O plano visa, ainda, estimular os produtores brasileiros a incluírem práticas sustentáveis de manejo da agricultura e pecuária, de forma a balancear produtividade e sustentabilidade ambiental e reduzir as emissões de carbono em suas atividades produtivas.
De acordo com Elvison Ramos, o plano já está elaborado em alguns estados do Brasil, como Mato Grosso, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Tocantins, Goiás, Bahia, Espírito Santo, Amazonas, Pará, Paraná e Distrito Federal.
Na oportunidade, foram realizadas as palestras ‘Cenários da Cultura Alagoana Frente às Mudanças Climáticas’; ‘Mecanismos de Financiamento para o Plano ABC’; ‘Integração Lavoura, Pecuária, Floresta (ILPF)’; ‘Recuperação de Pastagens em Áreas de Produção do Nordeste’; e ‘Tratamentos de Dejetos Animais’, todas proferidas por técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Centro Internacional de Energias Renováveis com ênfase em Biogás (CIBiogás-ER).
O evento, que seguiu até o fim da tarde, culminou com a assinatura da portaria que cria o Grupo Gestor Estadual de Alagoas (GGE/AL), do qual farão parte algumas instituições do estado, como o Sebrae em Alagoas.
“O Sebrae tem total interesse em participar dessa iniciativa, pois entende que os cuidados com a sustentabilidade são necessários também ao desenvolvimento dos pequenos negócios. O encontro de hoje permite uma proximidade que é fundamental entre as instituições e órgãos para a boa execução desse plano”, ressaltou Ronaldo Moraes, diretor técnico do Sebrae.
Segundo o diretor, a instituição já desenvolve alguns projetos voltados a essa questão, e tem participação em outras ações, como o fomento à cadeia produtiva do eucalipto. O vegetal é uma árvore que cresce rapidamente e pode ser usada como fonte de energia sustentável, como madeira para produção de móveis, celulose, além de ser usado na produção de etanol.
“Há alguns anos, foi desenvolvida pela Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea) uma pesquisa para identificar as variedades de eucalipto que mais se adaptam ao clima do estado. Essa pesquisa resultou em um convênio que foi firmado, este ano, entre a instituição e o Sebrae para estudar essa cadeia”, completou o diretor Ronaldo, afirmando que alguns resultados da pesquisa já apontam a produtividade do eucalipto em Alagoas como acima da média nacional.
Na ocasião, José Marinho, secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, disse que, através do plano, serão encontrados caminhos para impulsionar o setor agropecuário de maneira ecológica.
“Em Alagoas, cerca de 80% da economia gira em torno do agronegócio, porém, muitas atividades ainda são feitas como na época do extrativismo, sem os devidos cuidados com a terra. Por isso, o governo entende que esse é um setor que requer atenção e investimentos. Esse plano será importantíssimo para o nosso estado”, destacou o secretário.

    Desafios na agricultura

A agricultura e a agropecuária têm grandes desafios para enfrentar nos próximos anos. O crescimento demográfico; o aumento das exportações agrícolas; as mudanças do padrão de consumo e do padrão de produção; o uso racional e eficiente dos recursos hídricos; a necessidade de remuneração por serviços ambientais; a demanda por alimentos seguros e sua certificação; a recuperação das áreas degradadas; a eliminação do desmatamento ilegal; e a redução da emissão de gases de Efeito Estufa são só alguns dos desafios que, de acordo com Elvison Ramos, coordenador do Plano ABC pelo Mapa, podem ser minimizados a partir do uso de tecnologias, que estão previstas no plano, pois são sustentáveis e conservam os recursos naturais do planeta.
“Em 2005, as emissões de carbono no Brasil representavam 57% no que se refere ao uso indevido da terra e das florestas, envolvendo o desmatamento e as queimadas. O setor agropecuário emitia apenas 20%. Já em 2010, os números mudaram bastante. Teve redução na emissão de gás pelo uso da terra, que baixou para 22%, mas o agronegócio passou a representar 35% das emissões”, explicou o coordenador, reforçando que é necessário um engajamento maior por parte dos produtores no combate às más práticas na agricultura. Porém, esse setor não pode ser visto no Brasil como uma ameaça às questões ambientais, mas, sim, um meio de destacar a todos a necessidade de cuidados para que a atuação possa não impactar ainda mais nas mudanças climáticas.
“A agricultura pode ser ameaçada pelas mudanças climáticas. Ela tanto pode ser ameaça como pode ser amiga do clima, basta que todos trabalhem de maneira positiva para isso. Acredito que, no Brasil, estamos no caminho certo”, finalizou Elvison Ramos.