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Pastor Boyd O’Neal
Maceió, 9 de agosto de 1951. Encontra dificuldade em conciliar o sono. As fortes emoções do dia permanecem em sua mente. A recepção afetuosa que centenas de irmãos em Cristo lhe ofereceram no Aeroporto dos Palmares, foi gratificante à sua alma. Recebera a missão de ampliar o trabalho de evangelização no Nordeste brasileiro. Alagoas foi a região escolhida. Sabia pouco sobre a realidade alagoana. As informações que possuía eram de que a economia do Estado se apoiava na produção de açúcar, na indústria têxtil, na cultura de subsistência e que o litoral era um dos mais belos do Brasil.
A mudança fora radical. Texano, saíra dos Estados Unidos, com conhecimentos rudimentares de português, para o apaixonante desafio do ministério de Deus, em uma área tão carente de justiça social. É verdade que, em alguns instantes da longa viagem, o medo do desconhecido invadira o seu espírito, mas, a confiança em Deus, a certeza de que Ele o protegia, lhe concede uma enorme força interior.
Levanta-se e vai para a janela do quarto, no sobrado que servia de residência ao missionário americano. A madrugada chegava. Através da fraca iluminação da Rua Aristeu de Andrade, divisa o Colégio Batista. Consciente da importância da educação bem dirigida, na formação moral da juventude, decide emprestar o melhor dos seus esforços no fortalecimento e na ampliação do estabelecimento de ensino. Louva Jesus Cristo por tudo que recebeu e volta para o leito com o cuidado de não acordar Dona Irma Edna, a companheira de tantos acontecimentos e a querida mãe de suas filhas.
Alagoas, no início da década de cinqüenta, tinha pouco mais de um milhão de habitantes e, apenas, doze Igrejas Batistas, que na sua maioria, estavam instaladas em pequenas casas alugadas, com problemas para se manterem. O Pastor O’Neal, nos seus trinta e sete anos de ministério, enfrentando todas as espécies de dificuldades, conseguiu ajudar seus irmãos a construírem quarenta e nove igrejas, com templos próprios, algumas com casa pastoral e, todas, oferecendo sustento ao seu Pastor.
Recebo o convite para o Culto Especial de despedida dos missionários Boyd e Irma O’Neal, na Primeira Igreja Evangélica Batista de Maceió, no domingo 8 de maio de 1988. Viajo de Brasília especialmente para abraçar os estimados amigos. A Igreja vive uma noite de festas. Está completamente lotada. Cânticos de belos hinos religiosos se fazem ouvir pelo Coral “Minh’ alma canta a Ti, Senhor: Grandioso és Tu, Grandioso és Tu” . O Pastor Nazareno Cerqueira emociona com sua pregação, exaltando a grandeza humana do missionário, que se baseia na disposição do servir, na sua postura moral, na simplicidade dos seus gestos, em sua capacidade de renúncia e em sua lealdade a Cristo.
Assistindo ao Culto, começo a recordar os meus encontros com o Pastor Boyd O’Neal. Quando ele chegou a Maceió, em 1951, estudava no Colégio Batista. Foi apresentado, solenemente, aos alunos do CBA. Sorriso meigo, olhar dócil, suave no falar, alegre e afetuoso, conquistou a simpatia dos jovens estudantes. O exotismo de pertencer a outros mundos, de haver nascido nos Estados Unidos, também contribuiu para sua boa acolhida. Prefeito da Capital e Governador de Alagoas, sempre encontrei nele um grande ponto de apoio. Era um dos meus conselheiros. Jamais me esqueceu em suas orações. Através dele, ajudei a causa do Evangelho.
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