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Humanização na assistência obstétrica favorece a gestante e o bebê

12/02/2014
Humanização na assistência obstétrica favorece a gestante e o bebê

    fisioterapeuta_1A gravidez é um momento de muitas dúvidas e medos nas mulheres, mesmo naquelas que não são mamães de primeira viagem. Nesse período, um maior conforto emocional pode ser garantido por meio das boas práticas na assistência obstétrica, que têm o objetivo de tranquilizar a gestante, além de promover um restabelecimento mais rápido e uma percepção mais positiva da experiência do parto. Tudo isso é desenvolvido através da prática de atividades específicas durante a gestação, o trabalho de parto e o pós-parto, também chamado de puerpério.
Massagem, relaxamento e exercícios respiratórios são algumas das atividades que fazem da fisioterapia uma aliada da gestante, pois proporcionam um trabalho de parto mais tranquilo, podendo até diminuir o seu tempo de duração. E todas essas iniciativas podem ser encontradas na rede pública de saúde, como é o caso do Hospital Nossa Senhora da Guia, em Maceió, cuja adoção dessas ações contribuiu para a obtenção do selo da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC).
A IHAC, segundo a pediatra e coordenadora estadual da Rede Cegonha, Syrlene Medeiros, tem a finalidade de promover o aleitamento materno. “É fundamental atentar que, durante a amamentação, é importante o contato pele a pele entre a mãe e o bebê, favorecendo a saúde de ambos”, esclarece, ao enfatizar que o hormônio liberado pelo leite materno deixa o bebê mais ativo e ajuda a mamãe a produzir ainda mais leite.
“O próprio ato de amamentar ajuda o útero a se contrair, o que evita um provável sangramento, que pode levar a óbito. Já quando a puérpera não amamenta, ela passa a sentir dor e o bebê fica agitado. Consequentemente, o estresse causado por essa situação libera adrenalina, que dificulta a produção do leite”, esclarece Syrlene Medeiros, acrescentando que é importante também a doação de leite da puerpéra, que pode ser realizado no posto de coleta de leite humano, no próprio hospital. No entanto, outras ações foram agregadas à proposta inicial da IHAC para garantir também o cuidado com a mulher e a importante participação do acompanhante, fazendo da gravidez um momento de cuidado não só com o bebê, mas com toda a família.

    Com a fisioterapia em obstetrícia, IHAC incentiva cuidados com a gestante

“Foram os exercícios fisioterapêuticos que me ajudaram no momento do parto, inclusive a estourar a bolsa”, disse a garçonete Ana Maria da Silva, que ganhou seu primeiro bebê, Carlisson Gustavo. A explicação está nas atividades de fisioterapia obstétrica, realizadas no pré-parto e no momento em que as gestantes estão em trabalho de parto, como explica o fisioterapeuta do Hospital Nossa Senhora da Guia, Roberto Gomes.
“Os exercícios, desde os respiratórios aos mecânicos, proporcionam conforto à gestante e ainda diminuem o tempo em trabalho de parto, reduzindo as tensões”, explicou o fisioterapeuta. Ainda segundo ele, os exercícios na bola terapêutica, por exemplo, proporcionam o relaxamento da região pélvica para a descida e encaixe do bebê, como também contribuem para esse mesmo objetivo, a caminhada, a massagem e atividades em posição verticalizada.
A iniciativa evita, ainda, o uso de remédios para ajudar no parto, como a ocitocina, responsável por aumentar as contrações, além de evitar as lacerações, ao contribuir com a dilatação. Também é reduzido o índice de episiotomia, que corresponde ao corte feito para ajudar a passagem do bebê. Já no pós-parto, explica o fisioterapeuta, os exercícios são voltados para o relaxamento, que colabora com a recuperação e evita as dores.
“As atividades são maravilhosas para preparar o corpo para a hora do parto. Como é minha primeira filha, e não sei ao certo como me comportar, todo esse apoio é válido para ajudar nesse momento importante para mim e para meu bebê”, revelou a futura mamãe, Denise da Silva Honório.
O cuidado com a ambiência proporcionada à gestante é também perceptível, a exemplo da música ambiente e da luz baixa. Mas, é também a presença do acompanhante fundamental em todo esse processo. “O acompanhante ajuda a passar confiança, segurança e conforto, sendo fundamental até para supervisionar o que está sendo realizado nesse momento único da vida da mulher e da família”, observa o fisioterapeuta Roberto Gomes.

    Acompanhante – “Não tem nada mais gratificante do que estar ao lado da minha mulher nesse momento e cuidando do meu bebê. Quero estar sempre presente”, revela o trabalhador rural Edimilson dos Santos, do município de Roteiro, e pai do bebê Mateus Vinícius. Assim como ele, outros pais se dedicam aos cuidados das mamães e dos bebês no Hospital Nossa Senhora da Guia, como Reginaldo dos Santos, do município de Cajueiro, que mantinha o bebê José Carlos sobre sua atenção, enquanto a mãe descansava.
A pediatra Syrlene Medeiros enfatiza a importância do acompanhante em tempo integral. “É importante a presença do acompanhante desde o pré-natal, realizado na Atenção Básica, como também quando se aproxima o momento da chegada do bebê, no pré-parto”, disse. Ela acrescenta que, na hora do parto, a presença masculina é permitida, basta que seja uma escolha da gestante, bem como no período do pós-parto.

    Em Maceió, maternidade 100% SUS realiza as boas práticas obstétricas

No mês de janeiro de 2014, o Hospital Nossa Senhora da Guia cumpriu os dez passos para o sucesso do aleitamento materno e, após criteriosa auditoria do Ministério da Saúde (MS), garantiu o selo da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), idealizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que visa promover, proteger e apoiar o aleitamento materno.
Na ocasião, o coordenador geral da Saúde da Criança e Aleitamento Materno do MS, Paulo Bonilha, enfatizou que o grupo seleto, do qual o hospital passou a fazer parte não se dedica apenas ao cuidado com as crianças, mas também com as gestantes e puerpérias, estendendo assim a atenção para toda família, por meio de práticas possíveis de serem realizadas também no Sistema Único de Saúde (SUS).
“A qualidade e a beleza não estão distantes da realidade do SUS. Isso porque a gravidez e o parto são um processo fisiológico, e não uma doença. Então, quanto mais colaborarmos com a saúde das gestantes, melhor será para o bebê e para que os primeiros minutos de vida dele sejam muito bem cuidados”, disse Bonilha, acrescentando que “está em nossas mãos sermos pedagógicos e proporcionarmos o bem, com pequenas coisas em benefício do vínculo da família”, afirmou.
De acordo com o diretor médico do Hospital Nossa Senhora da Guia, Luciano Agra, para aderir a IHAC foi necessário uma mudança de mentalidade para que a ideia fosse incorporada – processo que envolveu toda a equipe, desde o atendimento, aos profissionais da limpeza e equipe médica e de enfermagem, além dos nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas que somam às ações de cuidados às gestantes e aos bebês. “Agora é preciso perseverar e dar continuidade ao projeto, que tem no selo de Hospital Amigo da Criança a importância fundamental de um embrião que vai gerar muito mais ações a serem desenvolvidas, a exemplo da cirurgia neonatal”, falou Luciano Agra.

 Investimento – Para garantir o funcionamento do Hospital Nossa Senhora da Guia como exclusivo para a rede pública de saúde, o governo do Estado custeia recursos por meio do Programa de Implementação da Rede de Atenção Materno-Infantil de Alagoas (Promater), com o incentivo de R$ 175 mil/mês. Já através da Rede Cegonha, oito dos 10 leitos da UCI Neonatal recebem o incentivo de cerca de R$ 62 mil/mês. A Santa Casa de Maceió também mantém a unidade, que caminha para a autossustentabilidade.
O Hospital Nossa Senhora da Guia possui 80 leitos, sendo 10 destinados a UCI Neonatal e os demais a leitos obstétricos e de cirurgias pediátricas. A unidade realiza, em média, 450 partos ao mês, dos quais 60% dos partos realizados na maternidade são normais. No hospital, a unidade materno-infantil atende exclusivamente a pacientes do Sistema único de Saúde (SUS).