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Lambe-lambes ainda sobrevivem em Arapiraca

09/04/2012

Um grupo de profissionais, bastante raro na atualidade, ainda sobrevive com muitas dificuldades na cidade de Arapiraca. Eles são os fotógrafos lambe-lambes, que geralmente trabalham nas áreas centrais das grandes cidades, tirando fotografias 3×4 que são utilizadas, em sua maioria, utilizadas para a confecção de documentos pessoais, matrículas escolares, entre outros.

Em Arapiraca, atualmente, existem somente quatro profissionais em atuação. Um desses profissionais é seu Genival Ramos dos Santos (51), que há 22 anos trabalha fotografando pessoas. Identificá-lo no calçadão do comércio é bastante fácil, pois basta avistar no meio das pessoas um guarda-sol sob um caixote de madeira com uma lente em fole de um lado e o tradicional pano preto do lado oposto.

Segundo seu Genival, os fotógrafos lambe-lambes estão praticamente em estado de extinção, por conta dos avanços da tecnologia. “O profissional lambe-lambe está virando uma peça folclórica ou de museu e não mais um profissional da fotografia. Hoje quase todo mundo tem uma câmera digital, nem que seja no celular. O nosso trabalho é artesanal, leva tempo e sai um pouco mais caro que o tradicional, que, geralmente é finalizado em alguns poucos minutos e quase que totalmente feito pelo computador”, lamentou seu Genival.

A diminuição das possibilidades profissionais dos lambe-lambes não está associada à ausência de importância desses profissionais. Essenciais no desenvolvimento da fotografia no Brasil, esses fotógrafos colaboraram com seu saber técnico e com sua imensa capacidade de improvisação. De acordo com pesquisas realizadas, muitas técnicas e recursos implementados nas câmeras modernas e de alta potência foram descobertas pelos lambe-lambes.

De acordo com seu Genival, a origem do nome lambe-lambe vem de um gesto corriqueiro no exercício da profissão. Para não cometer o erro de colocar a chapa com a emulsão na posição contrária à lente, o fotógrafo molha a ponta dos dedos, indicador e polegar, com saliva e faz uma leve pressão dos dois lados da chapa fotográfica. O lado que apresentar a sensação de "colagem" do dedo é o correto. “Acredita-se que populares acabaram batizando esses fotógrafos ao observarem esse gesto”, disse o fotógrafo.

No estúdio improvisado do fotógrafo lambe-lambe arapiraquense, o cliente ainda conta com um pente para arrumar os cabelos e um pequeno espelho, onde pode conferir o visual. Após a foto, todo mundo ainda sai com uma bala ou um chiclete, forma utilizada pelo fotógrafo para agradar aos clientes. Segundo seu Genival, várias gerações de arapiraquenses já foram clicadas por sua câmera, inclusive autoridades. “Aqui vem gente de todas as classes e níveis sociais. Até hoje um vereador da cidade é meu cliente fiel, independente da modernidade, ele sempre preferiu os lambe-lambes”, disse o fotógrafo.

Uma das pessoas que também não abre mão da fotografia dos lambe-lambes é o autônomo Claudemir Pereira Barbosa que, no meio da entrevista de nossa
reportagem, chegou para se fotografar. “Desde pequeno tiro fotos em lambe-lambes. Enquanto esses profissionais existirem sempre farei minhas fotos com eles e não acho nada constrangedor tirar foto no meio da rua”, afirmou Claudemir.