Internacional
Argentina classifica Comando Vermelho e PCC como grupos terroristas e reforça vigilância nas fronteiras
Decisão ocorre após megaoperação no Rio de Janeiro com mais de 120 mortos; governo argentino amplia controle sobre entrada de brasileiros
A Argentina elevou o nível de alerta em suas fronteiras nesta quarta-feira, um dia após reconhecer oficialmente o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) como organizações terroristas. O anúncio foi feito pela ministra da Segurança, Patricia Bullrich, em resposta ao aumento da violência no Rio de Janeiro, após a megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em mais de 120 mortos, incluindo quatro agentes de segurança.
— Vamos realizar uma reunião no Ministério da Segurança e estabelecer alerta máximo nas fronteiras, para evitar a travessia de pessoas que estejam claramente se deslocando do epicentro do conflito no Rio de Janeiro. Esse alerta significa examinar minuciosamente todos os brasileiros que chegam à Argentina, verificando antecedentes criminais, mas sem confundir turistas com membros do Comando Vermelho — afirmou Bullrich ao jornal argentino Clarín.
De acordo com a ministra, todos os brasileiros que ingressarem no país passarão por análise detalhada, mesmo que não possuam antecedentes criminais. O reforço da vigilância nas fronteiras norte e nordeste, especialmente nas divisas com Brasil e Paraguai, é a principal medida adotada até o momento.
A decisão do governo argentino ocorre em meio a investigações que apontam o crescimento da presença de facções brasileiras no país. Um caso emblemático, revelado pelo Clarín, indica que uma rede ligada ao Comando Vermelho movimentou mais de US$ 500 milhões em criptoativos na Argentina entre 2015 e 2023, em um esquema de lavagem de dinheiro comandado por brasileiros e argentinos.
Segundo a Procuradoria de Crimes Econômicos e Lavagem de Dinheiro da Argentina (PROCELAC), os criminosos utilizavam empresas de fachada, fundos de investimento e ativos virtuais para dar aparência de legalidade a recursos provenientes do tráfico de drogas. Parte do dinheiro foi destinada à compra de imóveis e veículos de luxo.
O julgamento, conduzido por um tribunal federal de Buenos Aires, condenou oito pessoas a penas de até três anos de prisão e aplicou multas que somam mais de 2,4 bilhões de pesos. Outros cinco acusados, apontados como principais operadores financeiros do CV no país, aguardam julgamento.
Além do Comando Vermelho, o PCC também tem ampliado sua atuação na Argentina, segundo relatório confidencial obtido pela emissora TN e divulgado pelo portal Enterate, ambos veículos argentinos. O documento identifica 28 pessoas relacionadas ao PCC e ao CV no país, metade delas detidas em penitenciárias federais e a outra metade em liberdade.
As investigações mostram que o grupo expandiu sua rede para países produtores e rotas de tráfico, como Paraguai e Bolívia, antes de chegar à Argentina. Membros do PCC já foram identificados em presídios das províncias de Santa Fé, Chaco e Entre Ríos.
Entre os citados no relatório estão Adriano Giménez Morales, paraguaio preso por tráfico de drogas, e Jonathan Renato Gonçalves, brasileiro detido pela polícia argentina. Ambos seriam integrantes das facções. As autoridades argentinas também identificaram símbolos e tatuagens típicos dos grupos, além de rituais de iniciação semelhantes aos praticados no Brasil.
Essa ofensiva do governo argentino ocorre após a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, que teve como alvo a cúpula do Comando Vermelho e resultou em mais de 120 mortos nos complexos do Alemão e da Penha.
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