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Mundo em conflito: quais as crises que mais marcaram o ano de 2025?
Especialistas explicam como as mudanças nas políticas de Washington e a rivalidade entre EUA e China redesenharam os conflitos no mundo em 2025.
Grandes conflitos ainda sem solução: Gaza continua uma zona de guerra, enquanto a solução para a Ucrânia ainda segue sendo negociada. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) fazendo de tudo para o caldo entornar, mas o presidente dos EUA parece, a princípio, querer acabar com ambos os confrontos.
Em outra frente, porém, apostou em um tarifaço contra diversos países que elevou a temperatura e gerou mais atritos do que ganhos. Enquanto sua tática de acordos bilaterais tem tido alguns sucessos, a maioria não chegou ao resultado esperado, especialmente no caso do Brasil.
A onda extremista e a xenofobia continuaram avançando, impactando muitas eleições ao redor do globo.
O mundo segue discutindo a crise climática, mas os avanços são modestos. A COP 30 terminou com um gosto de que poderia ter sido melhor. No contexto dessa crise, o Ártico ficou mais cobiçado, já que com o derretimento do gelo estão se abrindo novas rotas comerciais e estratégicas.
Na Síria, novos mandatários, que eram considerados terroristas há pouco tempo, hoje participam de reuniões na Casa Branca. O clima continua quente entre as Coreias, enquanto a ameaça de Donald Trump a Nicolás Maduro coloca o Brasil e outros vizinhos da Venezuela em alerta.
Nesta retrospectiva do Mundioka, podcast da Sputnik Brasil, especialistas comentam as principais crises que marcaram o mundo em 2025 e que devem atravessar para 2026.
Segundo Héctor Saint-Pierre, especialista em segurança internacional da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a mudança na política norte-americana modificou bastante o desenho geopolítico internacional, deixando a União Europeia isolada e encerrando uma unipolaridade que existia desde o fim da Guerra Fria. Para Saint-Pierre, a aproximação de Washington com Moscou se dá em uma tentativa de separar a Rússia da China, mas ao preço de uma capitulação da Ucrânia e o desgaste dos europeus.
"Pela declaração de Trump, o conflito central, aparentemente, é um conflito comercial, mas é um conflito ofensivo, já que ele está articulando uma aliança entre Japão, Coreia do Sul, Austrália e os EUA, um quadrilátero do Pacífico, para diminuir o espaço de manobra da China", explica. O analista destaca também a priorização norte-americana em manter a América Latina sob sua esfera de influência, não do país asiático.
"O último documento de Trump [a nova Estratégia de Segurança Nacional] deixa claro que a América continental é dos norte-americanos e que as riquezas são riquezas as quais tem que ter acesso livre para os Estados Unidos."
Apesar do clima de tensões e alianças se formando ao redor do mundo, Saint-Pierre não acredita que haverá um conflito em escala mundial, mas uma redefinição de alianças e posturas políticas no médio prazo, apostando até na dissolução da União Europeia e da OTAN devido a crises econômicas nos países europeus e o discurso belicista que compromete as economias europeias nos próximos anos.
Além do especialista, o podcast também ouviu Pedro Martins, doutorando em relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que também aponta as atitudes dos EUA focadas em sua queda-de-braço com a China. Além de satisfazer um capricho pessoal de trazer paz a conflitos no mundo – evidenciado pela vontade de ganhar o Nobel da Paz – Trump gostaria de encerrar esses conflitos para se concentrar no rival asiático, segundo Martins.
"Do jeito que o cenário geopolítico está hoje, ele não consegue se dedicar 100% a nenhuma dessas três frentes. Ele não consegue se dedicar para resolver a questão de Gaza, porque o conflito da Ucrânia ainda está acontecendo; não consegue resolver a questão da Ucrânia porque ainda tem negociações com a China; não consegue resolver com a China porque tem as outras duas. Então, ele está sempre tendo que equilibrar vários pratos."
Segundo Martins, o presidente norte-americano vê a China como o maior adversário dos EUA no século XXI, não apenas um alvo de retórica do republicano. "Tem um pouco de ego, um pouco dessa questão de querer aparecer, de querer se mostrar como o resolvedor, o negociador, como ele sempre se vendeu. Mas também tem uma dinâmica estratégica e sistêmica", pontua.
Por Sputinik Brasil
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