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O fim do estrondo e a era dos drones: como a tecnologia e a empatia estão reinventando o Réveillon
Pressionadas por novas leis ambientais e pela proteção animal, as tradicionais queimas de fogos barulhentos cedem espaço para espetáculos de luzes silenciosos e celebrações mais conscientes.
Durante décadas, a grandiosidade de uma festa de Ano Novo era medida em decibéis. Quanto mais alto o estrondo, maior parecia a celebração. No entanto, o Réveillon de 2026 marca a consolidação de uma mudança de paradigma global que ganha força no Brasil: a festa está se tornando visualmente mais complexa, mas auditivamente mais silenciosa.
A virada do ano deixa de ser apenas um evento de "explosão" para se tornar um manifesto de convivência e sustentabilidade.
A Revolução do Silêncio
A guerra contra os fogos de artifício com estampido (barulho de explosão) não é nova, mas atingiu seu ápice legislativo e cultural recentemente. Capitais brasileiras e diversas cidades ao redor do mundo baniram artefatos que causam poluição sonora excessiva.
O motivo é a empatia. O que antes era festa para a maioria, representava terror para uma parcela significativa da população:
- Animais domésticos e silvestres: Cães e gatos sofrem com ataques de pânico e fugas, enquanto aves migratórias perdem a orientação e morrem devido ao estresse cardíaco.
- Populações sensíveis: Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), idosos e enfermos em hospitais são os mais afetados pelo barulho súbito e intenso.
"A beleza da festa não precisa ser sinônimo de sofrimento. A tecnologia dos 'fogos frios' e de baixo ruído permite manter o brilho e as cores, eliminando a agressão sonora. É a evolução civilizatória da festa", afirma Mariana Costa, ativista e consultora de eventos sustentáveis.
Drones: O Novo Ouro no Céu
Para preencher o silêncio e modernizar o espetáculo, a tecnologia assumiu o protagonismo. Inspirados por celebrações em Tóquio e Xangai, prefeituras e organizadores de eventos privados no Brasil estão investindo pesado em enxames de drones.
Esses dispositivos, equipados com LEDs de alta potência e controlados por inteligência artificial, criam coreografias tridimensionais no céu — desenhando desde a contagem regressiva até figuras da fauna local ou mensagens de paz — sem gerar fumaça ou resíduos químicos. Embora mais caros que a pólvora tradicional, os drones representam o futuro "limpo" das grandes celebrações urbanas.
O Desafio do "Day After": A Pegada Ecológica
Enquanto o céu fica mais limpo, o chão ainda é um problema. O dia 1º de janeiro costuma revelar a face oculta da festa: toneladas de lixo nas praias e centros urbanos.
A "pegada de plástico" do Ano Novo é imensa. Garrafas de espumante, copos descartáveis e embalagens de comida formam montanhas de resíduos que ameaçam a vida marinha. Em resposta, uma nova tendência de "Réveillon Lixo Zero" começa a surgir em festas privadas e hotéis de luxo, que eliminam o plástico de uso único, oferecem estações de água e utilizam decorações biodegradáveis.
Além disso, a moda está mudando. A indústria do Fast Fashion (moda rápida e barata), que lucra milhões com a venda de roupas brancas usadas uma única vez, enfrenta a concorrência do mercado de aluguel e de Upcycling (reutilização criativa). A geração Z, em particular, tem optado por ressignificar peças antigas em vez de comprar novas, questionando o consumismo desenfreado da data.
Uma Festa em Transição
O Ano Novo não vai acabar, mas está mudando de forma. Deixa de ser uma celebração de excessos — excesso de barulho, de comida, de lixo — para se tornar uma celebração de conexão.
Seja através de um show de luzes silencioso que respeita a vizinhança, ou de um brinde com copos reutilizáveis à beira-mar, a mensagem para 2026 é clara: a esperança de um mundo melhor começa na forma como escolhemos celebrar a sua chegada.
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