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Zelenski anuncia encontro com Trump para discutir acordo de paz; Rússia sinaliza resistência

Presidente ucraniano prevê reunião com Trump na Flórida para tratar proposta mediada pelos EUA, mas Kremlin deve rejeitar plano.

27/12/2025
Zelenski anuncia encontro com Trump para discutir acordo de paz; Rússia sinaliza resistência
O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski - Foto: © AP Photo / Heinz-Peter Bader

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, anunciou que se reunirá neste sábado, 27, na Flórida, com Donald Trump, para discutir um acordo de paz mediado pelos Estados Unidos, com o objetivo de encerrar quase quatro anos de guerra. Apesar da iniciativa, é improvável que a Rússia aceite os termos, considerando seus avanços recentes no campo de batalha e a dificuldade em apresentar o acordo como uma vitória ao público russo.

“Isso é uma verdadeira zombaria”, afirmou Aleksei Naumov, analista de assuntos internacionais de Moscou, sobre o novo plano ucraniano, em publicação no aplicativo de mensagens Telegram. “A ideia é clara: apresentar isso aos americanos como um ‘compromisso’ e, em seguida, culpar a Rússia pelo seu fracasso.”

Zelenski explicou que o encontro com Trump terá como foco o plano de paz de 20 pontos proposto pelos EUA, além de tratar de garantias de segurança e de um acordo econômico separado. Ele avaliou positivamente a rodada mais recente de negociações e destacou que as conversas trouxeram “novas ideias” sobre formatos, encontros e prazos para “uma paz real”.

As declarações ocorreram após uma ligação, na quinta-feira, 25, que durou quase uma hora, com o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, e Jared Kushner, genro de Trump.

Em mensagem publicada no X nesta sexta, 26, Zelenski informou que as partes concordaram com uma reunião “no mais alto nível”, acrescentando que “muita coisa pode ser decidida antes do ano-novo”. A Casa Branca, entretanto, ainda não confirmou oficialmente o encontro.

Divergências

Nos últimos dois anos, Vladimir Putin tem reiterado dois pontos principais: a retirada das forças ucranianas das regiões de Donetsk e Luhansk e a exclusão da possibilidade de adesão da Ucrânia à Otan.

Durante sua coletiva anual, Putin reafirmou essas posições e disse que a Rússia estaria disposta a fazer algumas “concessões”, incluindo abrir mão de territórios ocupados nas regiões de Kharkiv e Zaporizhzia. No entanto, enfatizou a disposição de continuar lutando para ocupar totalmente Donetsk.

O plano de paz ucraniano prevê a retirada russa das regiões de Dnipropetrovsk, Mikolaiv, Sumi e Kharkiv. A proposta também sugere que a Ucrânia retire suas tropas das áreas de Donetsk que se tornariam uma zona desmilitarizada, mas apenas se a Rússia também retirar suas forças de uma área equivalente.

Atualmente, os russos ocupam cerca de três quartos da região de Donetsk. Caso mantenham o ritmo atual de avanço, as forças russas levariam cerca de 18 meses para capturar toda a região. Segundo especialistas, o Kremlin ainda negocia para manter uma relação construtiva com os EUA e evitar assumir toda a responsabilidade pelo conflito. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.