Geral
Taxas de juros apagam queda e encerram sessão estáveis diante de alta do dólar e dos Treasuries
Curva de juros futuros mostra volatilidade com dados fracos do varejo, mas é influenciada por ambiente externo e incertezas fiscais
A curva de juros futuros apresentou viés de baixa nos vencimentos curtos e intermediários durante boa parte da sessão desta quinta-feira (13), refletindo dados mais fracos do varejo brasileiro. Entretanto, o movimento de queda perdeu força na reta final dos negócios, acompanhando o avanço do dólar frente ao real e o aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries). O desempenho negativo dos mercados internacionais contaminou os ativos locais, revertendo parte da queda observada no início do pregão.
No encerramento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 oscilou de 13,654% no ajuste anterior para máxima intradiária de 13,665%. O DI para janeiro de 2029 subiu de 12,82% para 12,84%, enquanto o DI para janeiro de 2031 avançou de 13,157% para 13,175%.
"Hoje o mercado de DIs acompanhou mais o exterior", afirmou Tiago Hansen, diretor de gestão e economista da Alphawave Capital. Segundo ele, a alta de mais de 1% nos juros futuros dos Estados Unidos ofuscou os resultados abaixo do esperado do varejo doméstico.
Os rendimentos dos Treasuries subiram de forma expressiva, impulsionados por incertezas quanto à trajetória dos juros do Federal Reserve (Fed) após o fim da paralisação do governo americano. Luis Ferreira, CIO do EFG International para as Américas, ressalta que, embora o impacto negativo do shutdown seja temporário, a volatilidade estatística dificulta a análise para os formuladores de políticas públicas. "Os principais riscos são uma reaceleração inesperada da inflação, que poderia alterar rapidamente a expectativa para a política monetária, e eventuais excessos no ciclo de investimentos em inteligência artificial", avaliou.
Ferreira acrescenta que os estímulos e renúncias fiscais previstos nos EUA tendem a pressionar as taxas de juros de longo prazo, especialmente em um cenário de déficit elevado e dívida pública acima de 100% do PIB. Com a política fiscal permanecendo expansionista, aumenta o prêmio na ponta longa da curva. "Além disso, a possível postergação do corte de juros inicialmente previsto para dezembro, devido à ausência de dados após o shutdown, mantém o mercado em compasso de espera e reforça a busca por prêmio", destacou.
No Brasil, a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) indicou queda de 0,3% nas vendas do comércio restrito em setembro ante agosto, já descontados os efeitos sazonais, resultado abaixo da mediana das projeções, que apontava alta de 0,3%. No varejo ampliado, houve avanço de 0,2% no mês, ligeiramente acima do consenso de 0,1%.
Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, o mercado segue dividido entre janeiro e março como início do ciclo de flexibilização monetária, mas o consenso é de que cortes estão no horizonte, perspectiva reforçada pelo desempenho do varejo. "Os dados mostram que a política monetária está atuando de forma mais intensa sobre a atividade econômica", analisa. "Ainda veremos sinais mistos, sem uma desaceleração mais forte, pois cada setor tem sua dinâmica e há estímulos fiscais em curso. Mas o mercado entende que o corte de juros deve começar, restando a dúvida se será em janeiro ou março", completou.
Nos prazos mais longos, Cruz destaca a cautela diante do quadro fiscal e do cenário eleitoral, que pressionam os DIs. "Há notícias de que o STF pode revisar regras da reforma da Previdência de 2019, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfrenta dificuldades para avançar na taxação de apostas e fintechs", pontuou. Ele acrescenta ainda que pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira mostrou o presidente Lula liderando em todos os cenários para as eleições de 2026, o que o mercado interpreta como aumento do risco fiscal.
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