Geral
Celac e União Europeia se reúnem na Colômbia em meio a tensões com os EUA
Cúpula discute energias renováveis, segurança alimentar e cooperação, enquanto divergências sobre ações dos EUA marcam o encontro
Representantes de países europeus, latino-americanos e caribenhos participam neste domingo, 9, de uma cúpula em Santa Marta, na Colômbia, com o objetivo de fortalecer laços e ampliar a cooperação regional, em um momento marcado por divergências sobre as recentes ações militares dos Estados Unidos.
No encontro entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia, a Colômbia já anunciou que buscará a assinatura da chamada Declaração de Santa Marta, que abordará temas como energias renováveis, segurança alimentar, financiamento e cooperação tecnológica. O evento se encerra nesta segunda-feira, 10.
As ausências de chefes de Estado e líderes de alto escalão, como a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o chanceler alemão, Friedrich Merz, foram notadas nas discussões prévias à cúpula. Segundo o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, as ausências ocorreram por conflitos de agenda, já que a iniciativa coincide com a COP30, realizada no Brasil. A presença de líderes como o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez foi destacada.
Alexander Main, diretor de Política Internacional do Centro de Pesquisa em Economia e Política (CEPR), avaliou que a ausência de muitos chefes de Estado torna improvável a obtenção de "resultados concretos significativos". No entanto, ressaltou que a presença de líderes politicamente alinhados pode favorecer debates sobre temas considerados sensíveis.
“O desdobramento militar sem precedentes dos Estados Unidos no Caribe e os ataques navais letais serão um tema de debate, apesar de muitos líderes europeus preferirem ignorá-lo para evitar acirrar as tensões com os Estados Unidos”, afirmou Main à Associated Press. “É evidente que é uma prioridade para vários líderes regionais”, como Lula e o presidente colombiano Gustavo Petro, completou.
Main lembrou ainda que, com o adiamento da Cúpula das Américas deste ano, a reunião Celac-UE será o único encontro multilateral de alto nível na região em 2024, o que pode abrir espaço para discussões francas sobre o tema militar, especialmente porque os Estados Unidos não participam do evento.
Para David Castrillón Kerrigan, professor e pesquisador de Relações Internacionais da Universidade Externado da Colômbia, “trazer à mesa temas sensíveis relacionados aos Estados Unidos faria com que a cúpula fracassasse”, ressaltando a responsabilidade da Colômbia em garantir o êxito do evento para a Celac e a região.
O encontro ocorre em meio a tensões entre a Colômbia e o governo de Donald Trump, motivadas por divergências em políticas migratórias e de combate às drogas. Recentemente, o Departamento do Tesouro dos EUA impôs sanções ao presidente Gustavo Petro e sua família, acusando-os, sem apresentar provas, de supostos vínculos com o narcotráfico. As críticas de Petro se intensificaram após ataques letais dos EUA a pequenas embarcações suspeitas de tráfico, que o presidente colombiano classificou como "desproporcionais", "assassinatos" e "execuções extrajudiciais".
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